São Paulo - Produtividades acima das esperadas levaram a AgRural a aumentar sua estimativa para a safra de soja 2017/18 do Brasil a um novo recorde de 119 milhões de toneladas, de 117,9 milhões na previsão de março, de acordo com dados repassados pela consultoria à Reuters nesta segunda-feira.
O volume, caso se confirme, supera com folga os 114 milhões de toneladas do ciclo anterior, quando as condições climáticas foram consideradas perfeitas no país, o maior exportador mundial da oleaginosa. Na safra passada, a área plantada foi menor que a da temporada atual.
A nova projeção também contrasta com os receios levantados na fase de plantio, quando uma estiagem levou o setor a apostar em uma safra menor. Segundo o analista Adriano Gomes, da AgRural, o desenrolar da colheita, contudo, trouxe surpresas positivas para o mercado, algo que deve continuar a ocorrer nesta reta final de trabalhos nos campos.
"A colheita de soja começa a ganhar ritmo nas regiões mais tardias, principalmente no Matopiba e no Rio Grande do Sul. No Matopiba a safra é esplêndida, com produtividades acima de 60 sacas por hectare. É com certeza a melhor safra daquela região", disse Gomes, referindo-se à fronteira agrícola composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Reportagens da Reuters, que acompanhou a expedição técnica Rally da Safra ao final do mês passado, na Bahia e no Tocantins, indicaram ótimas produtividades na região. Já no Rio Grande do Sul, terceiro maior produtor do país, a temporada de soja deste ano não será das maiores em razão de uma seca na porção sul do Estado, apesar de uma "boa colheita" na parte oeste, comentou Gomes.
A produção recorde de soja no Brasil neste ano compensaria, em parte, a quebra de safra na Argentina por causa da estiagem. Também representaria maior disponibilidade de produto para a China, principal comprador da oleaginosa brasileira, que anunciou taxas sobre a commodity proveniente dos Estados Unidos em meio a uma guerra comercial com aquele país.
Milho
Em relação ao milho, cuja colheita da primeira safra ultrapassa metade da área prevista e o plantio da segunda já foi concluído no centro-sul do Brasil, a AgRural fez pequenos ajustes. Quanto à primeira safra, a verão, a estimativa de produção passou de 20,5 milhões para 20,7 milhões de toneladas. Já a segunda safra deve totalizar 59,9 milhões de toneladas, ante 60,2 milhões na projeção anterior --a previsão leva em conta, por ora, uma linha de tendência de produtividade.
Segundo Gomes, a revisão para baixo no milho safrinha é resultado de uma área plantada menor no centro-sul, que deve cair 4,4 por cento ante o ciclo anterior, para 10,435 milhões de hectares. Em março, a AgRural previa uma queda de 4 por cento frente 2016/17.
O analista destacou que as condições climáticas inspiram atenção neste ano quanto ao desenvolvimento da segunda safra de milho. "Especialmente no oeste do Paraná... Por lá a janela ideal de plantio é final de fevereiro, mas uma boa parte foi plantada em março. Então tem uma parcela que fica suscetível a geadas. Além disso, as chuvas têm de se estenderem até maio, junho, para garantir o desenvolvimento das lavouras." O atraso no plantio de milho no Paraná deveu-se à lentidão na retirada da soja do campo, que, por sua vez, foi impactada entre janeiro e março por chuvas em excesso.
Fonte: Reuters