Uma pesquisa divulgada pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostrou resultados inéditos sobre a mudança nos hábitos de consumo alimentar dos brasileiros nos últimos sete anos. Se em 2010 a preferência era por alimentos nutritivos, ou seja, enriquecidos com vitaminas — em detrimento dos mais baratos — a partir de 2017 a realidade foi invertida: preço baixo tornou-se primordial. O motivo? A crise econômica do país.
“A alimentação também sofreu impacto, mas na crise, o consumidor evita o custo do erro e ainda topa pagar um pouco mais por produtos básicos, como arroz, feijão e café, de marcas consideradas já confiáveis”, ressalta Antônio Carlos Costa, gerente do Departamento do Agronegócio da Fiesp. Das pessoas ouvidas, 71% disseram não se importar de pagar mais pelas marcas em que confiam, enquanto em 2010 eram 66%.
De acordo com dados do levantamento, o processo de racionalização do consumo atingiu 70% dos entrevistados, que admitiram ter mudado ao menos algum de seus hábitos de compras e consumo de alimentos em função da crise. A busca por alimentos com desconto ou em promoção se intensificou, passando de 43% em 2010 para 50% em 2017.
Cozinha de casa
Outro fator levado em conta foi a redução de custos de se comer forma. O número de pessoas que disseram não ter tempo para cozinhar diminuiu de 46% em 2010, para para 38%. “Com a vida que levo, não tenho tempo para cozinhar em casa”, foi a resposta de 46% dos entrevistados em 2010, e de 38% em 2017. Já a afirmação “prefiro comprar alimentos semiprontos para não perder muito tempo cozinhando” atingiu 42% dos entrevistados no primeiro levantamento, contra apenas 28% em 2017. A participação dos homens na cozinha também teve um aumento de 17%, em relação aos dados da primeira pesquisa.
Fonte de informação
A pesquisa também revelou a mudança na fonte usada como busca de informações sobre alimentação e saúde. Em 2010, 40% dos entrevistados se informava pela televisão, 19% buscavam a internet e 20% consultavam médicos ou nutricionistas. Sete anos depois, a internet se tornou a principal fonte de informações: 40% dos entrevistados optam pela rede mundial de dados na hora de se informar. “Uma inversão total. Se na televisão havia três programas sobre culinária, na internet, hoje, há influenciadores falando desde diversas opções de ingredientes, até as mais variadas receitas, e são seguidos por milhões de pessoas”, ressalta Antônio Carlos. A busca por televisão caiu para 24% e médicos e nutricionistas responderam por apenas 18%.
Alimentação saudável
Dados da pesquisa também apontaram que de 10 brasileiros, 8 afirmam optar por alimentação mais saudável. Apesar da constatação, a pesquisa verificou contradições: na hora de escolher entre um alimento mais saudável e outro com melhor sabor, 61% admitiram preferir aqueles mais saborosos. “Existe mais consciência sobre alimentos que fazem bem, mas, na prática, não acontece exatamente o que falamos”, reafirma Antônio Carlos. ]
Sobre a percepção de “ter comido demais”, houve aumento nos últimos sete anos, passando de 52% em 2010 para 56% no ano passado. Mas o índice de brasileiros que consideram a comida saudável sem gosto caiu, passando de de 54% em 2010, para 52% em 2017.
Intitulado “A Mesa dos Brasileiros: transformações, confirmações e contradições“, o levantamento foi realizado com 3 mil pessoas acima de 16 anos, ouvidas em 12 regiões metropolitanas de todo o Brasil. A margem de erro é de 1.8 pontos percentuais.
Fonte: VEJA.com