Na época da bonança econômica, ele chegou a ocupar o quarto lugar entre os itens que mais contribuíam para o aumento do gasto dos brasileiros. O tempo passou, as instabilidades vieram, e o lazer deixou de ser prioridade para os consumidores. De acordo com o Holistic View, levantamento da Kantar Worldpanel, o gasto com diversão sequer entrou no ranking dos dez que mais contribuíram para o crescimento dos gastos de 2017.
Aparecem em primeiros lugares transportes, alimentação dentro do lar, habitação, serviços públicos e higiene pessoal. Saúde, artigos de limpeza, bebidas dentro do lar, comunicação e educação fecham a lista. A queda no crescimento do lazer entre 2016 e 2017 pode ser explicado principalmente em função da diminuição das viagens – o único crescimento expressivo nesse quesito foi o aumento no valor empregado ao acesso à internet (contribuição de 2,1% no período analisado).
Em um cenário ainda de forte racionalização e com famílias gastando mais do que sua renda, o cartão de crédito ganhou importância. Em 2007, por exemplo, 27% dos lares usaram essa modalidade de pagamento. Dez anos depois, o índice saltou para 64%. Sendo usado inclusive para compras de alimentos/bebidas, higiene e limpeza.
Analisando as cestas, o estudo aponta que a maior parte delas conseguiu bons resultados em volume, com destaque para mercearia doce, cuja variação atingiu 7,9% no ano passado, e limpeza, que apresentou os índices de 7,7% de variação. Já os perecíveis não conseguiram repetir o êxito, seguindo sem se recuperar, com 4,0% de queda em volume.
Em relação às categorias, grande parte delas conseguiram manter o crescimento apresentado desde 2016, quando uma leve recuperação atingiu o consumo. Entre as que voltaram para despensa estão molho para salada, iogurte, cremes e loção, ração para gatos e cães, alisantes, achocolatado em pó, maionese, creme de leite, salgadinhos, tempero, tintura para cabelos, margarina, lâminas de barbear, shampoo e pós shampoo, esponja de aço e linguiça.
Já as que deixaram os carrinhos de compra, apresentando queda contínua nos últimos dois semestres, estão leite pasteurizado, bebidas à base de soja, polpa + purê de tomate, refrigerantes, óleos especiais, caldo/tempero para feijão, hambúrguer e sabão em pedra. Entraram para a lista dos itens racionalizados cream cheese, petit suisse, sobremesa pronta, detergente líquido para roupas e cereal matinal.
E justamente na hora de eleger o que entra na cesta do supermercado, o consumidor segue apostando na tendência das escolhas inteligentes, com destaque para embalagens econômicas (exemplos: sabonete líquido refil e chocolate em pó plastic bag), que rendem mais, e as grandes, que agregam volume (exemplos: manteiga de 500g, detergente em pó de 2 kg).
Fora de casa, os brasileiros também tiveram de economizar em 2017. Segundo o Holistic View, o gasto com alimentos e bebidas fora do lar representava 21% em 2016. No ano passado, o índice caiu para 19%. Quando estão longe do domicílio, os consumidores investem mais em sanduíches, lanches e salgados, sendo o jantar a refeição menos feita fora de casa, apenas 13,1% da população manteve esse hábito em 2017.
Demais gastos
Os serviços pessoais se recuperaram mais intensamente no ano passado, acima do crescimento do total de gastos. Procedimentos estéticos, serviços de manutenção, como lavanderia e costureira, e personal trainer apresentaram variação positiva de valor gasto na comparação entre 2016 e 2017. Saúde também se destacou, variando positivamente, em função do desembolso com medicamentos. Por outro lado, há contínua redução dos lares que gastam com fumo – atualmente 21%, que reforça a tendência de busca de bem-estar e saudabilidade. Em 2010, o número chegava a 28%.
Puxados pela popularização do smartphone, os gastos com comunicação voltaram a crescer acima da média. De 2016 para 2017, houve variação de 5,1% no valor empregado no quesito impulsionado pelas contas e planos de serviços. Já o gasto com habitação foi um dos que mais diminuiu em 2016, com notadamente a compra e a manutenção de móveis. No ano passado, houve uma recuperação considerável, por meio de mão de obra e materiais de construção. Os serviços públicos voltaram a ficar mais pesados para o orçamento.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Kantar Worldpanel