Empresários estão pessimistas com o País

Leia em 3min 10s

A confiança dos empresários do agronegócio brasileiro caiu 8,6 pontos no segundo trimestre de 2018, na comparação com os primeiros três meses do ano. Segundo dados divulgados ontem pelo Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro) marcou 98,5 pontos no período, contra 107,1 no trimestre anterior. O resultado abaixo dos 100 pontos indica pessimismo moderado.

 

A pesquisa foi feita com 645 produtores e industriais do agronegócio, logo depois da greve dos caminhoneiros, no final de maio e início de junho. Segundo o diretor titular do Deagro da Fiesp, Roberto Ignácio Betancourt, o movimento colocou em evidência a perda de fôlego da recuperação econômica e as dúvidas quanto aos projetos que vão surgir após as eleições. “A principal contribuição para a perda de confiança se deve à piora significativa na percepção quanto à situação do País, que caiu bruscamente em todos os elos pesquisados da cadeia”, disse.

 

Todos os segmentos pesquisados tiveram recuo na confiança. A indústria de insumos agropecuários atingiu os 99,2 pontos, o que representa uma queda de 16,9 pontos ante o trimestre anterior, sendo a maior queda registrada desde o início da pesquisa. Betancourt ressaltou que o resultado é reflexo da turbulência gerada pela paralisação. “No caso dos fertilizantes, por exemplo, além da deterioração na avaliação das condições gerais da economia, o setor foi fortemente impactado pela paralisação e posterior indefinição sobre o tabelamento dos fretes mínimos. O mês de maio fechou com entregas de apenas 1,8 milhão de toneladas, cerca de 700 mil toneladas abaixo do volume que seria considerado normal para o mês.”

 

No caso da indústria de alimentos e tradings, houve queda de 7,9 pontos, resultando na marca de 98,2 para a confiança. Segundo os dados, a pontuação é decorrente da piora dos ânimos quanto às condições atuais e expectativas para o futuro. Mesmo assim, as empresas mostram que confiam mais nas condições de seus próprios negócios e menos nas condições da economia.

 

Para o produtor agropecuário, houve recuo de 6 pontos em relação ao trimestre anterior, passando para 98,5 pontos. Para o produtor agrícola, a retração foi de 4,3 pontos, chegando aos 102,0. “Ainda assim, é importante destacar a interrupção de uma trajetória de três altas consecutivas, iniciada no 3º trimestre do ano passado. A percepção a respeito da economia brasileira pesou sensivelmente para a queda”, disse o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas.

 

O indicador apontou ainda que os custos alcançaram 49 pontos, sendo o mais baixo desde o primeiro trimestre de 2016. O item foi pressionado principalmente pelas expectativas. Segundo Freitas, muitos agricultores anteveem que terão de pagar mais pelos insumos, diante do esperado aumento nos fretes e repasse da alta do dólar observado nos últimos meses. “O fato de os produtores agrícolas sustentarem uma certa confiança pode ser explicado principalmente pelo momento no mercado de grãos, cujos preços permanecem em bom patamar, apesar de uma relativa desvalorização no fim do segundo trimestre”, disse Freitas.

 

Pecuária - Também houve recuo na confiança dos pecuaristas, que baixou 11 pontos, atingindo 85,3, sendo os pecuaristas de corte os mais desanimados. “Os preços do boi gordo estão em queda desde janeiro. Os produtores de gado leiteiro, por sua vez, impediram uma perda de confiança ainda maior, tendo em vista a recuperação dos preços do leite nos últimos meses”, afirmou.

 

Outra variável que pesou para a percepção pessimista do produtor pecuário foi o custo de produção (48,9 pontos), que recuou para níveis similares ao observado em meados de 2015 e início de 2016.

 

Fonte: Agência Brasil

 

 


Veja também

Confiança no agronegócio cai 8,6 pontos no trimestre, diz Fiesp

A confiança dos empresários do setor do agronegócio brasileiro caiu 8,6 pontos no segundo trimestre...

Veja mais
Expectativas de preços firmes para o sebo bovino

A boa demanda pela soja mantém os preços do grão e, consequentemente, dos subprodutos, firmes no me...

Veja mais
Via Varejo reverte prejuízo em lucro e abre caminho para unificar operações

Após reverter um prejuízo de R$ 85 milhões do segundo trimestre de 2017 para um lucro líquid...

Veja mais
Inverno ditará o tom de vendas no Dia dos Pais

O varejo na cidade de São Paulo deve registrar avanço de 3% a 5% nas vendas referentes ao Dia dos Pais, se...

Veja mais
Volume de vendas de bens duráveis cai, mas faturamento sobe 6%

O faturamento com a venda de bens duráveis entre janeiro e maio deste ano avançou 6%, sobre um ano antes, ...

Veja mais
Câmbio representa mais risco do que frete a produtor de soja do Brasil, diz consultor

As oscilações do câmbio no Brasil são atualmente o maior risco para os produtores de soja do ...

Veja mais
Agricultores brasileiros vão ao México discutir negócios de milho

Uma delegação de agricultores e cooperativas agrícolas brasileiros visitarão o México...

Veja mais
Por que Magazine Luiza será um dos sete “sobreviventes” do varejo mundial

O Magazine Luiza é uma das sete empresas no mundo capazes de sobreviver ao chamado “Apocalipse do Varejo&rd...

Veja mais
Via Varejo reverte prejuízo e tem lucro de R$20 mi no 2º tri

A Via Varejo registrou lucro líquido de 20 milhões de reais no segundo trimestre, revertendo prejuí...

Veja mais