Em razão da paralisação dos caminhoneiros, da Copa do Mundo e das temperaturas elevadas para o período de inverno, o setor têxtil teve desempenho comprometido. Para o segundo semestre, varejistas devem readequar seus estoques por meio de liquidações antecipadas.
Um dos exemplos de empresas do varejo que tiveram suas vendas afetadas foi a rede gaúcha Lojas Renner, a primeira do setor a divulgar balanço referente ao segundo trimestre de 2018. “Estimamos que, excluindo o evento da greve dos caminhoneiros, teríamos chegado a alta de 5% nas vendas na categoria ‘mesmas lojas’”, afirmou o diretor financeiro das Lojas Renner, Laurence Gomes.
De acordo com os dados trimestrais divulgados pela rede varejista na última sexta-feira (27), o crescimento das vendas nas mesmas lojas foi de 2,5% – frente ao segundo trimestre do ano anterior.
Embora o negócio tenha sentido os impactos de eventos adversos de abril a junho, a rede varejista apresentou um salto de 60% no lucro líquido entre o primeiro e o segundo trimestre de 2018 – chegando a R$ 274,7 milhões. Além disso, os executivos lembraram, durante a teleconferência, que a contratação do hedge cambial “blindou” os efeitos da alta da moeda americana.
Perspectiva de mercado
Para o diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Lima, o setor enfrenta dificuldades “pelo momento conturbado na política e economia” que o País vive. “Tivemos um começo de inverno quente e depois, quando o frio estava aparecendo, tivemos a greve dos caminhoneiros que diminuiu também o fluxo dos dentro dos shopping centers.”
Ele ainda lembra que as temperaturas mais frias na região Sul do País não são suficientes para obter o crescimento do comércio de itens esperado para o período.
“Minha expectativa para o segundo semestre é bastante conservadora em relação ao aumento das vendas, ainda mais com o ambiente político incerto e a presença de uma volatidade cambial forte”, argumentou Lima.
Ele conclui afirmando que o movimento de antecipação de promoções “já começou desde o Dia dos Namorados, há um mês e meio”, mas que mesmo assim tem sido difícil atrair consumidores para as lojas.
Seguindo a mesma linha do diretor-executivo da Abvtex, o sócio-fundador da consultoria Inteligência360, Olegário Araújo, ressalta que “até mesmo as pessoas que estão empregadas estão com medo de se endividar ou se perder em parcelamentos.”
De acordo com ele, os desafios dos varejistas que atuam nesse setor vai ser “desovar” os estoques acumulados nos períodos de menos movimento nas lojas. Araújo diz que uma das possíveis saídas para esse cenário é antecipar as liquidações com itens de estoque que não estejam tão ligados ao período de inverno.
Nesse sentido, ele também menciona a importância de planejamento frente às oscilações repentinas de temperatura para “não comprometer o capital de giro do negócio.”
Na opinião do fundador da consultoria Telos Resultados, Luiz Muniz, a redução nesses estoques remanescentes deve ocorrer até o final do mês de agosto, mas que essas mercadorias não vão ser escoadas de forma completa.
Ele tem uma visão mais otimista em relação ao desempenho do setor para o segundo semestre. “Com a aproximação de diversas datas comemorativas nos próximos meses, com por exemplo Dia dos Pais, o comércio das próximas coleções do setor deve ocorrer de forma mais natural”, argumentou Muniz.
Alem disso, o especialista ressalta que o volume de comercialização dos varejistas para os próximos meses tem grande importância pois o tíquete médio de itens voltados para o calor são menores.
Fonte: DCI