O preço do leite recebido por produtores subiu em julho pelo sexto mês consecutivo e atingiu recorde real para o mês, de acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Quando considerados todos os meses da série histórica, no entanto, a média de julho é a maior desde outubro de 2016, também em termos reais (valores foram deflacionados pelo IPCA de jun/18). O valor líquido recebido em julho (referente à captação de junho) fechou a R$ 1,4781/litro na “Média Brasil” (inclui BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS e não contém frete e impostos), aumento de 14% em relação ao mês anterior. Desde o início do ano, a alta acumulada real é de 44%.
Na comparação com julho de 2017, houve elevação de 15%, em termos reais. A média deste mês está abaixo da de outubro de 2016, quando foi de R$ 1,4817/litro.
Aumento
A alta em julho esteve atrelada à paralisação dos caminhoneiros, ocorrida no final de maio, e à tentativa do setor em normalizar suas atividades no pós-greve. Desabastecidos, os laticínios acirraram a competição para a compra de leite no campo no correr de junho, com o objetivo de recompor estoques. Além disso, o avanço da entressafra no Sudeste e Centro-Oeste e o “atraso” das pastagens de inverno no Sul do País seguiram limitando a captação em junho, influenciando a formação de preço ao produtor em julho.
A valorização da matéria-prima também se refletiu em aumento das cotações dos derivados lácteos em junho. No entanto, em julho, o movimento altista não se sustentou. No acumulado da primeira quinzena de julho, o preço do UHT (leite longa vida) caiu 1,32% e, na segunda metade do mês (dados até 27/07), 9,4%, indicando a dificuldade do consumidor em absorver novas altas. Para agentes do setor, a queda dos preços reflete um novo equilíbrio do mercado, com a normalização dos estoques e com as cotações retornando a patamares condizentes com a demanda – ainda fragilizada por conta da estagnação econômica.
Segundo o Cepea, é importante ficar atento aos preços do leite no mercado spot. Em agosto, o setor estima que a oferta deve seguir limitada, fundamentados no clima adverso e na alta dos grãos.
Fonte: DCI