Importados somem dos supermercados

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Com o câmbio desfavorável, tendência do segmento é de trabalhar, cada vez menos, com produtos de fora.


 
Com a valorização do dólar frente ao real, que tornou mais cara a importação, supermercadistas de Minas Gerais tiveram que reduzir o mix de produtos importados nas lojas. De acordo com alguns supermercados, os distribuidores de mercadoria internacional cortaram os itens de giro mais lento nas prateleiras.

 

Na rede Candidés, em Divinópolis, Centro-Oeste de Minas, a quantidade de importados oferecidos caiu 50% após a queda nas vendas. De acordo com o proprietário, Gilson Teodoro Amaral, a tendência neste ano é trabalhar cada vez menos com produtos de fora.
"Já tivemos o auge nesse segmento, mas agora a queda já é de 30% nas vendas, o que nos obrigou a diminuir o mix", informou, ao comparar com o período pré-crise.

 

Segundo ele, os negócios com importados respondiam por 5% do faturamento. Hoje, não chegam a 2,5%, conforme o empresário. Por isso, a ideia é apostar no produto nacional, mas sem deixar a importação completamente de lado. "Não podemos parar de atender a esse mercado, apenas temos que mudar a atuação, adquirindo somente os produtos para reposição, sem fazer estoque", esclareceu.

 

Conforme Amaral, o mix já foi cortado significativamente. "Estamos com menos variedade, já que o giro lento dos importados não está compensando, pois a oscilação cambial fez o preço aumentar muito para o consumidor final, que parou de comprá-los", disse.

 

Cautela - Segundo ele, não há perspectiva a curto prazo de que esse tipo de mercadoria apresente retomada. "Ela está mais cara para o cliente, que prefere um produto nacional que o atenda como o estrangeiro", afirmou. Mesmo assim, ainda não é o momento de cortar as vendas de importados. "Temos que manter pelo menos o que podemos, mas com cautela", completou.

 

No Supermercado Prado, região Oeste de Belo Horizonte, 50% dos produtos importados vendidos antes da crise já não são mais comercializados. De acordo com o proprietário da loja, Gilson de Deus Lopes, metade do mix importado não chega há 90 dias.
"Está visivelmente mais difícil vender esses produtos. Além da falta de variedade, devido ao corte na distribuição, os preços também aumentaram em média 30%, o que afastou o consumidor dessa compra", explicou.

 

Segundo ele, as empresas que importavam pararam de importar bens considerados por elas como supérfluos, e que tem venda mais demorada. "Quem importava, parou. E, quem ainda importa e nos fornece, diminuiu o mix", afirmou.
Conforme o empresário, a hora é de apostar no mercado interno. Isso porque o próprio consumidor, com medo da crise, mudou seu comportamento. "Eles já dão mais preferência ao produto nacional, que geralmente é mais barato", ponderou.

 

Para o gerente do Supermercado VIP, bairro São Salvador, região Nordeste da Capital, Warley Johnson Martins, o cenário atual não é propício para a comercialização de mercadoria externa.
"Não vamos de forma alguma incrementar o mix. Todo o setor está receoso com esse mercado, que ficou mais caro para o supermercadista e para o consumidor final", disse.

 

Amis - Apesar da insatisfação dos empresários, a Associação Mineira de Supermercados (Amis), através de seu superintendente, Adilson Rodrigues, ainda não acredita que as redes vão cortar boa parte do mix de importados nas prateleiras. Mesmo assim, Rodrigues informou que já houve retração, apesar de pequena. "Do volume de vendas dos importados, houve queda de 5% a 10%", disse.

 

Segundo ele, a variedade do mix vai diminuir, "principalmente naqueles itens que têm pouco giro, que não terão reposição", afirmou. De acordo com Rodrigues, o produto nacional ficou mais competitivo.

 

No entanto, o consumidor mineiro acostumou com alguns produtos de valor agregado que chegam de fora. "Com a contenção no consumo, devido à crise, há uma tendência dos clientes de migrar para a mercadoria brasileira. Mesmo assim, apesar de mais caros, os produtos importados não podem ficar de fora", completou.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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