São Paulo - As lavouras de trigo do Paraná, maior produtor nacional, apresentam às vésperas da colheita o maior percentual de áreas consideradas "ruins" em cinco anos, e a expectativa é de que a produção no Estado dificilmente chegará aos 3 milhões de toneladas em 2018, o que representaria uma nova redução na estimativa, disse nesta terça-feira o Departamento de Economia Rural (Deral).
Atualmente, 19 por cento das plantações de trigo do Paraná têm condição "ruim", ligeiramente acima dos 18 por cento observados na semana anterior e há um ano, quando a safra local sofria o impacto de adversidades climáticas, e maior quantidade desde os 31 por cento de 2013.
O total considerado bom é de 55 por cento, versus 48 por cento um ano atrás. Uma forte estiagem nos últimos meses, acompanhada de altas temperaturas, prejudicou praticamente todas as culturas agrícolas do Paraná, desde o milho até a cana-de-açúcar, passando pelo trigo.
"Dificilmente chega-se aos 3 milhões de toneladas", resumiu Carlos Hugo Godinho, analista de trigo do Deral, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado.
Em sua última estimativa, divulgada no final de julho, o Deral ainda apostava em produção de 3,12 milhões de toneladas em 2018, ante 2,23 milhões no ano passado. O número atual é inferior ao da previsão de junho, de 3,36 milhões de toneladas.
Assim, o volume considerado por Godinho representaria um novo corte em relação ao projetado até agora e poderia levar o Brasil, um importador líquido de trigo, a ter de recorrer ainda mais ao mercado externo para suprir a demanda doméstica.
O analista ponderou, no entanto, que o retorno das chuvas nos últimos dias pode melhorar os prognósticos para as lavouras do sul e oeste do Paraná.
"Neste momento, temos uma situação bem ruim, mas temos uma situação diferente da do ano passado, que é a possível recuperação das lavouras no sul do Estado, e no oeste também, por causa das chuvas", afirmou.
Conforme o Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard, o Paraná foi a região do país que mais recebeu chuvas nos últimos 15 dias. Em partes do oeste, os acumulados superam os 100 milímetros, enquanto no sul e no norte, variam de 30 milímetros a cerca de 75 milímetros.
Mas para a segunda quinzena do mês a previsão é de precipitações abaixo da média nas porções oeste e sul do Paraná, um alívio para a cultura do trigo, que pode registrar problemas de qualidade quando há umidade na época da colheita.
PREÇOS
Apesar da perspectiva de uma produção abaixo da esperada, os preços do trigo já começaram a ceder no Paraná em razão da proximidade da colheita. Segundo Godinho, as cotações nas praças paranaenses estão em torno de 47 a 48 reais por saca, frente 50 reais em julho. Ainda assim, superam os cerca de 35 reais de um ano atrás e os 39 reais que cobrem os custos de produção, acrescentou o analista.
Fonte: Reuters