Com a aproximação do Natal, uma das principais datas para venda de doces, as redes de chocolates querem trazer para o período natalino o clima da Páscoa. Para isso, elas postam em sofisticação dos panetones, embalagens mais rebuscadas e novas linhas de produtos para que o chocolate também seja uma boa opção de presente.
“Essa estratégia de conceber o chocolate como uma opção de presente de Natal vem crescendo ano a ano. No passado, esse hábito esta apenas associado à Páscoa. Atualmente, essas duas datas estão praticamente equivalentes”, afirmou o sócio-diretor da consultoria GS&Consult, Alexandre Machado.
Para ele, devido aos investimentos feitos por empresas de chocolates finos nos últimos anos em produtos com bom custo-benefício, o nível de competitividade dessas iniciativas está no mesmo patamar de segmentos como cosméticos e vestuário. “Com uma faixa de preço entre R$ 70 e R$ 100, essa categoria tem ganhado uma boa amplitude entre os consumidores”, afirmou Machado.
Na mesma perspectiva de raciocínio traçada pelo especialista, o diretor-executivo da rede de confeitarias Ofner, Mario Martins da Costa Júnior, ressalta o papel que a data vem ganhando para o negócio. “Nossa preparação para esse período já vem acontecendo há um ano. A data tem uma grande importância para o negócio, principalmente nas vendas de panetone no mix de produtos”, argumentou Júnior. Segundo ele, a expectativa de aumento nas vendas em 2018, ante o ano passado, é de 10%.
O executivo conta que uma das apostas da rede para esse Natal é o lançamento do novo sabor de panetone red velvet para a “linha gift”. “É um dos segmentos de produtos que mais cresce, tanto em termos de volume de venda como no número de itens. O consumidor passou a enxergar esses produtos como uma opção de presente de Natal”, declarou, mencionando que os preços variam entre R$ 81 e R$ 125.
No entanto, Júnior lembra que a volatilidade do câmbio foi um dos desafios enfrentados nesse processo de lançamentos de novos sabores e embalagens sofisticadas. “É um exercício diário de renegociação com fornecedores e busca de melhorias na competitividade do produto no mercado”, disse o executivo.
Com isso, outra frente de atuação considerada importante por Júnior são as ações comerciais da rede dentro de empresas. “Essas vendas in company são negociações diretas com players de diferentes segmentos, possibilitando o acesso direto dos funcionários aos produtos. No ano passado, eram 250 empresas. Em 2018, a previsão é de chegar ao número de 320”, concluiu ele.
Ainda sobre esse aspecto cambial e de diversificação de estratégias, o sócio-diretor da GS&Consult lembra a importância de ampliar o mix de produto e nível de escalabilidade frente o dólar alto. “Com estoques maiores e portfólio mais variado, existe a chance de minimizar problemas cambiais de curto prazo”, disse.
Outro exemplo de rede especializada em chocolates que prevê aumento nas vendas no período de Natal é o Grupo CRM – controlador das marcas Brasil Cacau e Kopenhagen. “Nas duas marcas, estamos com 20 lançamentos para a data. A previsão é de crescimento de 15% nas vendas deste ano em relação ao mesmo período de 2017”, comentou a diretora de marketing da companhia, Maricy Porto. Segundo ela, nesse período do ano, o comércio de panetones corresponde a 70% do faturamento dos negócios.
“Estamos prevendo um tíquete entre R$ 80 e R$ 100”, diz Maricy. Em comemoração aos 90 anos da marca Kopenhagen, haverá uma edição especial dessa categoria de produto, com cerca de 2kg a um preço de R$ 199. Apesar da novidade, os produtos entre 700g e 1kg devem ser os mais procurados.
Enfrentando um aumento de 30% com a melhoria das embalagens de Natal, a rede Chocolateria Brasil preferiu ‘apertar os cintos’ e não repassar os custos ao cliente. “Prevemos um tíquete médio entre R$ 22 e R$ 25 para o período”, afirmou o CEO do negócio, Christian Neugebauer, ressaltando que o aumento no volume de vendas devido tíquete médio mais baixo deve compensar as despesas extras.
Fonte: DCI