Com a justificativa de oferecer preços mais acessíveis, fabricantes de ovos de Páscoa têm reduzido o tamanho dos produtos. O setor prevê avanço da produção em 2019, mas ainda não vislumbra retornar aos níveis pré-crise.
“As empresas têm procurado desenvolver embalagens menores que caibam no bolso das famílias. Cresceu a oferta de produtos com menor peso para que o preço seja mais adequado ao anseio do consumidor”, diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Ubiracy Fonseca.
O dirigente afirma que o setor está otimista em relação à Páscoa de 2019, que ocorre em 21 de abril. “Neste ano, temos um cenário econômico melhor e esperamos um bom crescimento. Mas não temos uma estimativa, pois as empresas ainda estão produzindo.” O otimismo é justificado pelo cenário de juros baixos e expectativa de crescimento do PIB. “Todos esses fatores tendem a favorecer o consumo, especialmente do chocolate, que é um produto muito aceito”, avalia Fonseca.
Ele explica que, em termos de faturamento, a Páscoa representa um 13º mês para o setor. “É a melhor época para o chocolate no ano, mesmo para empresas que não produzem ovos. Fabricantes de barras e coberturas também têm crescimento da demanda em função da produção artesanal”, relata.
De acordo com Fonseca, esse segmento tem crescido nos últimos anos por conta do alto número de trabalhadores desempregados. “É uma atividade paralela que algumas pessoas encontram, produzindo e vendendo ovos ou trufas de chocolate. Representa cerca de 3% a 5% do mercado. O volume maior ainda são os industrializados”, conta.
O dirigente aponta que a produção do cacau não é suficiente para atender à demanda interna. “O País produz cerca de 170 mil toneladas e consome em torno de 250 mil. Temos que importar essa diferença. Mas as safras têm crescido gradualmente.”
A entidade não tem informações sobre possíveis reajustes ou o tíquete médio dos produtos de Páscoa, mas acredita que serão valores adequados ao atual nível de inflação. “Além disso, o Brasil tem uma grande variedade de marcas e um bom nível de competitividade que dá ao consumidor boas condições de escolha”, assinala Fonseca.
Segundo a Abicab, para atender à demanda de Páscoa deste ano, as indústrias e o varejo geraram mais de 18 mil vagas de empregos temporários, tanto em fábrica quanto em pontos de venda. O número é inferior ao do ano passado, quando 23 mil postos temporários foram gerados.
Resultado de 2018
A Abicab divulgou nesta terça-feira (26) os resultados do setor em 2018. Foram produzidas 11 mil toneladas de ovos e produtos de Páscoa, número 26% maior que o registrado em 2017. O mercado total de chocolates faturou R$ 13,3 bilhões no País e registrou 6,5% de aumento na produção, atingindo 671 mil toneladas. “Houve uma queda muito forte no período da crise, que afetou todas as categorias. Estamos retomando o crescimento”, salienta Fonseca.
Em 2017, a produção já havia voltado a ter resultado positivo, mas o volume ainda foi inferior ao período pré-crise. Em 2015, a produção de ovos e produtos de Páscoa alcançou 19,7 mil toneladas. “Vamos continuar crescendo, mas ainda existe uma ociosidade no setor”, diz. “Temos um parque industrial montado e capacidade produtiva disponível para recuperar os volumes que já tivemos”, destaca.
Segundo ele, houve crescimento em todos os segmentos. “Pesquisas apontam que o consumidor prefere o chocolate ao leite, que tem o melhor desempenho. Também há avanço de produtos de maior teor de cacau, que tem a característica de ser mais amargo.” No ano passado, foram lançados 130 produtos na Páscoa, superior aos 120 de 2017 e inferior aos de 2016, quando foram feitos 147 lançamentos.
Fonte: DCI