Quem for ao supermercado nos próximos dias poderá encontrar alguns alimentos com um selo diferente em seus rótulos. Sua função é mostrar ao consumidor que aquele produto foi produzido respeitando regras de bem-estar animal.
A marca serve, por exemplo, para certificar que os ovos foram produzidos por galinhas soltas, e não presas em gaiolas. Também comprova que as carnes de corte são provenientes de animais criados sem a utilização de hormônios.
Grandes supermercados brasileiros, inclusive, já informaram alguns produtores que deixarão de comprar deles até 2025 caso não adotem o selo de bem-estar animal. O Grupo Pão de Açúcar assumiu um compromisso de que, até essa data, não vai mais comprar ovos de marcas que cultivam galinhas dentro de gaiolas.
Trata-se de uma tendência mundial que, agora, está ganhando força no Brasil. “Os produtores nacionais estão começando a entender que o cliente está cada vez mais preocupado com aquilo que está consumindo”, afirma Leonardo Vega, veterinário fundador da consultoria F&S, sediada em São Paulo, e criador de um dos selos. “A maioria das pessoas não quer deixar de ingerir alimentos como carne, leite e ovos, mas espera que os animais criados para isso sejam tratados de forma digna e com bem-estar, e que as empresas estejam verdadeiramente comprometidas com estes valores.”
Chamado de Produtor do Bem, o selo desenvolvido por Vega é baseado em protocolos técnicos de análise específicos ao modelo brasileiro de produção, cuja criação contou com a colaboração de zootecnistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Pelo selo, o consumidor vai saber que se trata de uma produção com ética, com respeito ao bem-estar animal, ou seja, da forma mais próxima possível a como ele viveria em seu ambiente natural”, diz Ianê Correia de Lima Almeida, que participou do desenvolvimento da marca.
Prestes a virar fornecedora de supermercados paulistas, a granja comandada por Daniel Mohallem, em Uberlândia (MG), se antecipou e aderiu ao certificado. “Além de diferenciar os produtores que respeitam os animais, o selo também ajuda a conscientizar a população de que existem formas humanitárias de criar animais”, acredita ele, cuja granja conta atualmente com 215 000 galinhas criadas soltas que produzem cerca de 180 000 ovos por dia.
Há mais de cinquenta anos atuando na proteção de animais pelo mundo, a ONG World Animal Protection manifestou apoio à iniciativa. “Na WAP, aumentou muito a procura de pessoas que querem, por exemplo, continuar consumindo carne de uma maneira mais responsável”, afirma José Rodolfo Ciocca, gerente de agropecuária responsável da WAP no Brasil. Um estudo feito pela entidade em 2016 mostrou que dois a cada três brasileiros não sabem a forma como os animais são criados antes de serem abatidos.
Fonte: Veja São Paulo