O mercado de cartões projeta um crescimento próximo de 17% para 2019. Com maior competição, a expectativa é de que os players tragam produtos mais sofisticados para expandir o número de clientes e impulsionar o pagamento por aproximação (contactless).
Os últimos dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), de setembro, apontam que o volume de transações com cartão totalizou 1,147 milhão, um aumento de 12,6% em relação ao mesmo mês de 2017, que marcava 1,125 milhão. O montante transacionado, por sua vez, somou R$ 108,8 bilhões, avanço de 7% na mesma comparação (ante os R$ 101,7 bilhões anteriores).
“O setor espera um crescimento ao redor de 17%. Apesar do cenário mais competitivo, a crescente diversidade entre os players completa a expansão de serviços agregados e mais eficientes. Esperamos um mercado mais maduro”, afirma o presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul, João Pedro Paro Neto.
A grande aposta do segmento para este ano está na expansão das tecnologias de pagamento por aproximação (conhecido como contactless ou NFC). Um exemplo é o projeto realizado para o Rio de Janeiro – e com previsão de ser colocado em prática ainda neste ano – onde os usuários poderão pagar a entrada do transporte público com a aproximação do próprio cartão de crédito.
Segundo o diretor de meios de pagamento do Banco do Brasil, Rogério Magno Panca, mesmo que o processo ainda esteja em fases de teste, a expectativa é de que a aceitação por esse tipo de tecnologia cresça conforme a experiência dos consumidores melhore.
“Ainda é um movimento inicial. Mas a ideia é de que, conforme a base de plásticos com tecnologia NFC dos emissores aumente, esse movimento também se acelere”, comenta o executivo, ponderando, porém, que a troca dos cartões tradicionais dos clientes dos bancos pelos plásticos com contactless é gradativa.
“Já começamos a fazer a substituição gradual dos cartões, mas não deve demorar muito, já que além da permuta por roubo ou perda do plástico, cerca de 20% da base é renovada a cada ano. A perspectiva é de que, ao final de 2019, cinco milhões de cartões com a tecnologia já tenham sido emitidos”, acrescenta Panca.
Desafios
O avanço do NFC no mercado de meios de pagamentos, por outro lado, também traz à tona questões de segurança do setor e uma demanda cada vez mais forte por facilidade, simplicidade e rapidez. Segundo Paro Neto, esses continuam sendo os grandes desafios do mercado ao longo deste ano.
“A indústria ainda tem muito a evoluir em relação ao tempo de entrega e retorno para o consumidor final . Além disso, devemos ver um avanço maior quanto a interoperabilidade, que permitirá pagamentos feitos a qualquer hora, nos sete dias da semana. A expectativa é de expansão”, diz o presidente da Mastercard.
“Independente da solução que a indústria endereçar, no entanto, não podemos esquecer o fator segurança”, reitera o vice-presidente de produtos, soluções e inovação da Visa do Brasil, Percival Jatobá. “Investimos muito para que as pessoas se sintam cada vez mais seguras em usar o contactless e até mesmo comprarem na internet. É, com certeza, uma tendência, mas nada é conquistado completamente da noite para o dia”, completa.
Para o diretor de cartões do Santander, Rodrigo Cury, ainda que a digitalização seja um desafio constante para os emissores – assim como o uso adequado dos dados dos clientes –, as perspectivas para este ano são bastante positivas. “Precisamos estar preparados para facilitar e dar segurança à jornada de pagamento dos clientes, já que em 2019 devemos testemunhar o aumento expressivo de transações online. Mas sempre que há maior confiança na economia, o consumo aumenta e isso deve beneficiar o fluxo através dos cartões”, conclui o executivo.
Fonte: DCI