O consumidor está conseguindo gastar um pouco mais e colocar alguns "mimos" em seu carrinho de compras, seja um produto de uma marca mais cara, um pão especial ou uma ida ao salão de beleza. Ir além do básico, no entanto, está vinculado ao esforço das famílias em driblar a crise e ir em busca de um emprego informal ou atividade extra.
Essa é a conclusão do estudo do Consumer 360º da Nielsen, divulgado nesta quarta-feira e que mostra como o consumidor gasta o seu dinheiro.
- Vemos um cenário diferente nesse ano, que é o que o consumidor está fazendo para driblar a crise - disse Patricia Almeida, especialista consumidor da Nielsen Brasil.
Superar a crise, ou amenizar os efeitos dela, está ligado ao emprego informal, seja de forma integral ou como complemento de renda ao emprego com carteira assinada. Nas contas da Nielsen, são 16 milhões de domicílios nessa situação, sendo que 9 milhões utilizam a informalidade para complementar renda e outros 7 milhões dependem dessa fonte integralmente.
- A informalidade está ajudando a retomar o consumo até entre os empregados - explicou.
Precisam da renda extra uma fatia de 38% dos lares brasileiros. Para os que possuem orçamento mais apertado, a informalidade acaba permitindo um sortimento maior de itens básicos, como sabão, biscoito, achocolatados e produtos em refil, mostrando que o consumidor ainda está preocupação com a relação entre custo e benefício.
Já para aqueles que possuem uma folga maior, o que mais entra no carrinho são "mimos", como água micelar (utilizada na limpeza da pele e para retirada de maquiagem), iogurte com proteína, pães especias ou sprays de tintura.
Na avaliação de Almeida, parte da informalidade está entre os consumidores que conseguiram emprego esse ano, mas que não largaram o "bico" porque tinham dívidas a pagar. Atividades de venda direta, serviços de entrega por aplicativo ou de transporte de passageiros estão entre as alternativas mais buscadas, além de serviços domésticos.
O comprometimento de renda com itens básicos, no entanto, cresceu neste ano. Por itens básicos a Nielsen considera os gastos relacionados à moradia, saúde, educação, transporte e dívidas. Esses compromissos passaram de 57,9% do orçamento das famílias em 2018 para 58,9%. O aumento veio, principalmente, das dívidas.
Fonte: Época Negócios