O consumo de produtos orgânicos não para de crescer no Brasil. Impulsionada pelas políticas públicas de compra de alimentos junto aos agricultores familiares e pelo surgimento de lojas especializadas e até mesmo supermercados que apostam na venda de produtos livres de qualquer agrotóxico, hormônio, remédio ou componente transgênico, a agropecuária orgânica é hoje uma realidade ao alcance de milhões de consumidores em várias cidades do país.
Em menos de uma década, o número de produtores orgânicos registrados no Brasil triplicou, segundo levantamento do Ministério da Agricultura. Em 2012, havia no país quase 5,9 mil produtores registrados e em junho de 2019, o órgão já registrou mais de 17,7 mil, crescimento de 200%.
No mesmo período, também cresceu o número de unidades de produção orgânica no Brasil, saindo de 5,4 mil unidades registradas, em 2010, para mais de 22 mil no ano passado, variação de mais de 300%.
Com a agricultura e o consumo de produtos orgânicos ganhando cada vez mais adeptos, esses alimentos têm estado mais presentes na vida dos capixabas. Segundo a Secretaria Estadual de Agricultura (Seag), 24 feiras orgânicas ou agroecológicas acontecem semanalmente na Grande Vitória.
Mas se a Grande Vitória registra um aumento no número de adeptos, o mesmo se encontra no interior do Estado. Para se ter ideia da dimensão que o mercado de orgânico tem conquistado, uma feira com produtos segmentados foi realizada durante todo o Festival Ambiental e Cultural das Montanhas Capixabas, realizado na região serrana do Estado e que contou com o apoio da Reserva Ambiental Águia Branca.
"A feira orgânica e artesanal aconteceu no quadrado de São Paulinho, em Pedra Azul, com as quitandas de madeiras reaproveitadas. Os expositores da região tiveram a oportunidade de comercializarem seus produtos durante os três dias, dentre eles, diversos modelos de cafés, queijos, frutas orgânicas, socol, dentre outros alimentos, além de flores e cerâmica. É uma forma de reconhecer, valorizar e incentivar a cultura orgânica", enfatizou Sandro Firmino, do Instituto O Canal, realizador do evento.
Para o secretário estadual de Agricultura, Paulo Foletto, o investimento auxilia os feirantes a comercializarem seus produtos com maior conforto e qualidade: “A produção orgânica no Estado cresceu muito e as pessoas estão procurando cada vez mais esses produtos. Queremos investir nas pessoas que colocam a mão na terra todos os dias para levar os alimentos à mesa das famílias capixabas”, afirmou.
Economia
O mercado brasileiro de orgânicos faturou no ano passado R$ 4 bilhões, resultado 20% maior do que o registrado em 2017, segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), que reúne cerca de 60 empresas do setor.
Já o mercado global de orgânicos, sob a liderança dos Estados Unidos, Alemanha, França e China, movimentou o volume recorde de US$ 97 bilhões, em 2017. O balanço foi feito pela Federação Internacional de Movimentos da Agricultura Orgânica (Ifoam) e divulgado em fevereiro.
De acordo com a federação internacional estão identificados cerca de 3 milhões de produtores orgânicos em um universo de 181 países. E a agricultura orgânica cresceu em todos os continentes atingindo área recorde de 70 milhões de hectares, aproximadamente.
O Brasil é apontado na pesquisa como líder do mercado de orgânicos da América Latina. Contudo, quando se leva em consideração a extensão de terra destinada à agricultura orgânica, o país fica em terceiro lugar na região, depois da Argentina e do Uruguai, e em 12º no mundo.
Cenário brasileiro
O Brasil está se consolidando como um grande produtor de alimentos orgânicos. Já são, aproximadamente, 17 mil propriedades certificadas em todas as unidades da federação. A maior parte da produção é oriunda de pequenos produtores.
A Região Sul vem à frente, com pouco mais de seis mil produtores, seguida das regiões Sudeste e Nordeste com cerca de quatro mil produtores. Os estados que se destacam em número de produtores são: Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia.
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae (2018) mostra que 63% são produtores exclusivos de orgânicos e 25% trabalham essencialmente com produtos orgânicos. Estima-se que cerca de um milhão de hectares é cultivado organicamente no Brasil e que os principais produtos são: Frutas, Hortaliças, Raízes, Tubérculos, Grãos e Produtos agroindustrializados.
O consumo de produtos orgânicos cresce anualmente cerca de 25%, sendo que havia sido previsto R$ 4 bilhões para 2018.
Fonte: Folha Vitória