Carlos Caminada e Francisco Marcelino, Bloomberg, em São Paulo
Nestlé, o maior comprador de café e açúcar no Brasil, disse que os preços das commodities devem subir neste ano pois produtores ao redor do mundo não investem para expandir e a demanda por alimentos cresce em velocidade maior do que a da produção.
Produtores devem adiar gastos por falta de financiamento e proteção contra queda de preços, disse na sexta-feira o presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Zurita. Preços de milho e soja também devem subir. As cotações de commodities agrícolas estão subindo 8,6 % neste ano, após o enxugamento do crédito. "Se os produtores não enxergam um cenário favorável, eles não vão investir", disse Zurita, que está há 8 anos no comando da Nestlé no Brasil. "Enquanto isso, as pessoas continuam comendo", diz o executivo. A demanda por comida deve crescer ainda mais rapidamente quando o crescimento econômico for retomado, e os produtores demorarão mais para aumentar a produção, disse Zurita. "Existe uma demanda reprimida", afirmou ele. "Você nunca sabe quando os mercados vão reagir."
A unidade brasileira da Nestlé compra 1,5 milhão de sacas de café por ano, cerca de 8% da produção nacional, que neste ano deve cair 15% para 39,1 milhões de sacas de 60 kg, segundo o governo informou em 7 de maio.
A Nestlé, com sede na Suíça, compra 220 mil toneladas métricas de açúcar na América do Sul, equivalente a cerca de 1,7 da produção regional. No Brasil a Nestlé possui 28 fábricas e vende 92% de sua produção no mercado brasileiro, disse Zurita.
Veículo: Valor Econômico