Vanessa Adachi, de São Paulo
O grupo Pão de Açúcar deve anunciar hoje a compra da rede de varejo de eletroeletrônicos Ponto Frio. A transação foi fechada ao longo do fim de semana e os contratos seriam assinados na madrugada. A aquisição deverá ser paga em uma combinação de ações da Companhia Brasileira de Distribuição (Pão de Açúcar) e dinheiro. Com o negócio, o Pão de Açúcar retoma a liderança do ranking de varejo no país, posição que havia perdido em 2007 para o Carrefour. A diferença que separa o faturamento das duas varejistas de alimentos é de R$ 2 bilhões: o Carrefour faturou R$ 22,5 bilhões em 2008 e o Pão de Açúcar, R$ 20,8 bilhões. No ano passado, a receita bruta do Ponto Frio atingiu R$ 4,7 bilhões.
O interesse do Pão de Açúcar, que pertence ao grupo francês Casino e à família Diniz, era visto com ceticismo, já que o foco da rede até o momento era o de supermercados. O Ponto Frio deve ser mantido como uma operação à parte, mas não se sabe sob qual marca. O processo de venda do Ponto Frio desenrola-se desde o início do ano, sob a coordenação do banco Goldman Sachs. Mas foi em março que se tornou público, por meio de um comunicado da própria empresa, informando a decisão de seus controladores de desfazer-se de suas ações. A empresa, controlada por Lily Safra, viúva do banqueiro Edmond Safra, já estivera à venda em ocasiões anteriores, o que cercou o processo de dúvidas sobre a real disposição de desfazer-se do negócio desta vez. Principalmente em um cenário de crise.
No início, ao menos quatro grupos avaliaram a compra do Ponto Frio. Lojas Americanas, Magazine Luiza, Pão de Açúcar e um consórcio formado pela rede nordestina Insinuante e a BTG, butique de investimentos do ex-banqueiro André Esteves. Além disso, o grupo Silvio Santos declarou seu interesse. A Lojas Americanas deixou o processo em abril. Depois disso, o interesse do BTG foi reduzido quando Esteves recomprou o Banco Pactual das mãos do suíço UBS. O Magazine Luiza continuava no processo, em parceria com o fundo americano Capital International. Havia expectativa de entrega de propostas no final de maio, o que indica que as negociações se aceleraram nas últimas semanas.
No ano passado, a rede Ponto Frio tentou fazer uma oferta de ações com o objetivo de pulverizar o controle da empresa no mercado e, assim, dar liquidez aos papéis dos controlares. Mas os planos tiveram quer ser adiados por conta da crise.
Veículo: Valor Econômico