Varejo se une para lutar por IPI menor

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Pela primeira vez o varejo caminha para alcançar, de maneira uniforme, força política junto ao governo na tentativa de ampliar incentivos para fomentar o setor e solidificar sua representatividade junto à economia. No final da semana passada, representantes do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) encontraram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda Guido Mantega para pleitear a prorrogação de corte de alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos e materiais de construção. A principal defesa dos empresários é que o varejo é o maior empregador formal privado do País, com 15,2% dos empregados com carteira assinada.

 

Depois da redução do imposto para os itens de linha branca, incluindo geladeiras, fogões, máquinas de lavar e tanquinhos, as vendas entre os meses de abril e junho contabilizaram elevação média de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para Luiza Helena Trajano, presidente do IDV e comandante da rede Magazine Luiza, a não renovação do corte no IPI implicaria uma queda proporcional nas vendas, e possíveis demissões na indústria.

 

"A redução do imposto foi determinante para a cadeia, que apenas entre os fabricantes perdeu quatro mil empregos de novembro a abril, mas a partir de maio recuperou cerca de 400 postos de trabalho", salientou Luiza Helena. Além disso, as áreas automotiva e de construção civil viram a curva nas vendas ascender no primeiro e segundo trimestres após o corte na alíquota.

 

Na avaliação de Nelson Beltrame, professor do Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), o segmento de eletrodomésticos foi o que apresentou melhor desempenho com a redução do imposto. "Entre os fornecedores de linha branca, o impacto foi até superior em relação aos automóveis, cujo IPI foi zerado", disse. A medida ajudou a esvaziar os estoques das empresas e aquecer as vendas, quando elas atingiam alta de 2% frente a 2008.

 

Após uma reunião com empresários como Michael Klein (Casas Bahia), Jorge Gonçalves (C&C Casa e Construção), Armando Almeida (Carrefour), Ricardo Ribeiro (Marisa), Valdemir Colleone (Lojas Cem) e Pierre Courty (Fnac), o ministro Mantega esquivou-se de falar sobre a intenção do governo a respeito de uma possível prorrogação da redução do IPI para eletrodomésticos de linha branca, que termina em 15 de julho. "Fazemos um balanço positivo desde que a medida foi adotada, com aumento do emprego e da venda. De qualquer maneira, o setor é um dos mais dinâmicos no mundo e os diálogos acerca do assunto vão continuar", comentou Mantega.

 

Fôlego

 

Na rede catarinense Berlanda, formada por 111 filiais, o semestre deverá fechar com saldo positivo de 6% quando comparado a 2008 graças ao imposto menor na linha branca. De acordo com Gilson Bogo, diretor comercial, a elevação nas vendas desde a diminuição do imposto chegou a 15%, mas a linha de lavadoras, por exemplo, atingiu picos de 20% nesse período.

 

"Seria interessante a manutenção das mesmas taxas de redução do IPI, pois a linha branca tem sido a grande responsável pelo desempenho nesta área do varejo. Creio que a medida será aprovada", sinalizou Bogo. Para o executivo, a indústria ainda não adaptou a produção à alta demanda e daqui a mais ou menos 60 dias o abastecimento de alguns modelos de lavadoras estaria normal.

 

O especialista em varejo do Provar/FIA Nelson Beltrame aponta que o consumidor não comprou apenas os itens com modelo básico, mas também, os intermediários como refrigerador frost free. O varejo ainda estuda pedir futuramente uma alíquota menor para a linha de móveis, o que para Beltrame, é uma conquista mais difícil, visto que móvel é um produto mais genérico, diferente da linha branca.

 

Impasse

 

Segundo o ministro da Fazenda, a substituição tributária implementada por alguns governos estaduais no recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para vários produtos, inclusive os eletrodomésticos, reduziu o ímpeto da medida de desoneração do IPI.

 

"Do ponto de vista técnico, a substituição tributária é correta, pois, ao exigir o recolhimento do ICMS pela indústria, contribui para evitar a sonegação fiscal na cadeia", pontuou Mantega. A indústria justifica que a antecipação do imposto gera custos que reduzem o repasse do desconto do IPI ao consumidor.

 

A redução de imposto para a linha branca, por três meses, pode diminuir a arrecadação do Governo em quase R$ 177 milhões. Fontes da indústria indicaram que hoje pode ser anunciada a prorrogação da redução do IPI para linha branca, automóveis e materiais de construção.

 

Veículo: DCI


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