Mesmo com a ebulição do consumo da classe C, as administradoras de shopping centers no País buscam bolsões onde ainda estão concentradas parcelas do público de alta renda nas grandes cidades, demonstrando uma volta ao segmento, depois de uma corrida das empresas por consolidar shoppings ao público de menor poder aquisitivo. A Squarestone Brasil, cuja matriz está localizada na Grã-Bretanha, é a mais nova companhia que brigará pelos endinheirados paulistas. A empresa, detentora do Shopping Bonsucesso (SP) e do Complexo Canoas (RS), avança no setor ao lançar o Golden Square Shopping Center, previsto para setembro, em parceria com a Construtora São José.
As sócias no mall, que congrega também a Nancy Empreendimentos e a Jorge's Participações, justificam que o Grande ABC, em São Paulo, onde o centro de compras premium será instalado, tem potencial de consumo mensal na faixa de R$ 164 milhões. Previsto para abrir as portas ao público no final de 2012, o espaço já possui cerca de 50 reservas e expectativa de comercializar 90% da área um mês depois de seu lançamento.
De acordo com Arthur Gorenstein, sócio da São José, haverá espaço para a instalação de três âncoras, dez megastores, 220 lojas satélites, cinco restaurantes gourmet e seis salas de cinema. "Teremos a missão de atender a demanda de um shopping destinado para as classes A e B", disse.
Entre as varejistas que estão em negociação para compor o mix do Golden Square, estão Fast Shop, Centauro, Parks & Games e Cinemark. Também está nas aspirações dos sócios uma varejista de vestuário, sendo as mais cotadas C&A, Lojas Renner, Lojas Riachuelo e Zara.
Na primeira fase do empreendimento será investida a quantia de R$ 90 milhões, que por enquanto sairá do próprio caixa das quatro empresas envolvidas. A Squarestone Brasil e o restante é dividido entre as outras três empresas que detêm participações em malls como Shopping Mooca, Mogi Shopping e Raposo Shopping. O Golden Square terá quase 28 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) e futuramente está prevista uma expansão que agregará mais 16 mil m² de ABL ao centro de compras.
O sócio da Construtora São José conta que foi contratada uma empresa estrangeira para fazer o projeto arquitetônico do equipamento. "A praça de alimentação, por exemplo, será voltada para o lado externo. Teremos vários itens inovadores", disse.
Potencial
Com a estratégia de desenvolver centros de compras destinados ao público de alto poder aquisitivo, a Iguatemi Empresa de Shopping Centers segue com a comercialização do Iguatemi Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo, com inauguração prevista para 2011. O investimento chega a R$ 123 milhões e está localizado na Vila do Golfe, da Vila do Ipê Empreendimentos. Estão previstos 200 pontos-de-venda distribuídos por uma área de 32,5 mil m² de ABL. Além deste, a companhia possui dois projetos em andamento, um deles em Jundiaí, novamente no interior paulista, previsto para 2011 e orçado em R$ 112,2 milhões.
Oportunidade
Especialistas no setor ressaltam que um shopping com custos operacionais mais altos exige margens mais elevadas. Isso acaba justificando o investimento em shoppings para o topo da pirâmide de renda, apesar do crescimento do consumo na base. O Iguatemi tem outro projeto importante em andamento, o JK Iguatemi, na Vila Olímpia, zona sul paulistana, no mesmo terreno onde está localizada a Daslu. No mesmo bairro está sendo erguido o Shopping Vila Olímpia, obra que a Multiplan Empreendimentos Imobiliários pretende entregar até o fim deste semestre.
Quem também passou a aproveitar o potencial de consumo nas classes A e B foi a General Shopping Brasil, que na semana passada inaugurou em Itupeva (SP) o Outlet Premium, um complexo com presença de 80 grifes nacionais e internacionais que oferece produtos de coleções anteriores com descontos que podem chegar a 80%. Ao todo, 53 lojas já estão em operação.
Em entrevista ao DCI, Alessandro Veronezi, diretor de Relações com Investidores da administradora de malls, diz que foram necessários alguns anos de pesquisa e de jogo de cintura para convencer lojistas de que o empreendimento era viável no Brasil. Questionado se pretende avançar com a construção de mais shoppings para este segmento, Veronezi prefere não revelar para não gerar expectativa nos investidores. Mas anteriormente chegou a pontuar que há potencial para outros centros de compras com conceito outlet no Brasil.
Majoritariamente, os empreendimentos da General são voltados aos públicos B e C. O diretor de RI lembra que nos últimos meses a confiança desta fatia da população manteve-se estável, enquanto na classe A houve queda de 2,5% nas últimas aferições.O aporte no shopping foi de R$ 60 milhões, entre a General e a Senpar Terras de São José, e detém grifes comoLacoste e Diesel.
Em uma reviravolta entre as administradoras de shopping centers no País, que estavam com todas as atenções voltadas para o consumo da classe C e dirigindo seus aportes nesse sentido, grandes players, como a britânica Squarestone, começam a brigar por bolsões onde ainda se concentram parcelas do público de alta renda. No caso da Squarestone, a meta é lançar em setembro o Golden Square Shopping Center, em São Bernardo do Campo (SP), com custo de R$ 90 milhões.
Arthur Gorenstein, sócio da Construtora São José, parceira no projeto, diz que o shopping já possui 50 reservas de lojistas e deve vender 90% da área um mês após seu lançamento. "Haverá três âncoras, dez megastores e 220 lojas satélites na região, com potencial de consumo mensal de R$ 164 milhões", afirma.
Outra que segue com investimentos em complexos para os públicos A e B é a Iguatemi Empresa de Shopping Centers, com a comercialização dos shoppings Iguatemi Ribeirão Preto e Jundiaí, previstos para 2011. A empresa ainda dá andamento ao projeto do JK Iguatemi, ao lado da Daslu.
Com boa parte dos malls para as classes C e B, a General Shopping também vai explorar o filão A, ao lançar o Outlet Premium, em Itupeva, com lojas de grife.
Veículo: DCI