Mesmo com a manutenção do clima seco em Minas Gerais, muitos pecuaristas estão preparados para passar por esse período que é considerado rotineiro no campo. A avaliação é do superintendente de Marketing da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), João Gilberto Bento, que apontou a intensidade do clima seco e quente como um dos fatores que está onerando ainda mais os custos com alimentação dos animais.
Segundo Bento, o setor leiteiro é um dos que mais prejudicados com esse cenário, pois além dos custos com concentrado (parte proteica da ração) os produtores estão enfrentando forte concorrência com a oferta do leite vindo da região Sul do país, que ajuda na queda de preços para o consumidor. Nos supermercados, o litro de leite pode ser encontrado ao preço de R$ 1,20 a R$ 1,30, enquanto o valor estimado para o período era de R$ 1,80.
Alta dos insumos - Para o superintendente, o custo da matéria-prima utilizada para a produção do concentrado aumentou principalmente em função da alta do farelo de soja, que chegou a R$ 42 a saca de 60 quilos. Com o aumento nos valores dos grãos, os preços dos insumos se mantivessem em alta. "Os pastos estão muito secos, embora não se trate de uma raridade no período. Estamos torcendo para que frentes frias cheguem ao Estado visando minimizar essa situação", salientou.
Nas regiões Norte e Noroeste de Minas, o quadro está crítico, inclusive com pecuaristas registrando perdas de animais em função da falta de água nas propriedades, explicou Bento. "Esperávamos que o mercado conseguisse manter o cenário de alta que começou a apresentar em maio deste ano em função da baixa oferta de animais para abate", afirmou.
Essa oferta reduzida vem de um ciclo no qual os produtores estavam encontrando preços baixos na venda de animais e começaram a abater as fêmeas para conseguir honrar seus compromissos. Com isso, a oferta de bezerro foi reduzida, fazendo com que houvesse escassez de animais para engorda. Esse cenário, acompanhado pela recuperação no consumo de carne, fez com que os preços registrassem altas superiores aos últimos cinco anos, com a arroba registrando preço médio de R$ 55.
De acordo com Bento, o auge da pecuária ocorreu em junho do ano passado, quando a arroba do boi registrou valores entre R$ 80 e R$ 85 e o leite chegou a R$ 0,90 por litro para o produtor. Atualmente, os preços apresentam uma certa queda, com a arroba mantendo preço médio de R$ 80 e o litro de leite a R$ 0,70. "Acredito que o preço deverá se manter e, gradualmente, apresentar alguma oscilação para cima. Nos próximos dois anos, a arroba deverá sofrer variação entre R$ 75 e R$ 80", projetou Bento. (RM)
Veículo: Diário do Comércio - MG