ALL quer vagão para voltar com carga industrial

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A América Latina Logística (ALL) informou que trabalha no desenvolvimento de um vagão que possa retornar com cargas industriais das viagens para transporte de commodities agrícolas. A intenção, segundo o diretor de Relações com Investidores da ALL, Rodrigo Campos, é criar uma alternativa para a principal carga de retorno do momento, os fertilizantes, cujo volume transportado caiu 48,6% entre os primeiros semestres de 2008 e deste ano.

 

"Esse novo vagão é um protótipo e está em fase de teste. Ele entrará aos poucos na frota da ALL e pode ser algo interessante para o futuro", disse. Campos não deu mais detalhes acerca do novo vagão, que poderá ser fabricado pela Santa Fé Vagões pertencente à própria ALL , pela Randon ou pela Iochpe-Maxion. Apesar de a tarifa pelo transporte dos fertilizantes ser cerca de 40% menor que a carga de exportação, ela tem margem alta para a ALL por não ter custo associado à volta do vagão.

 

Campos avaliou que, neste segundo semestre, o mercado de fertilizantes deverá apresentar volumes maiores, uma vez que os agricultores devem concentrar as aquisições desse insumo entre junho e outubro, enquanto que em 2008 essas compras ocorreram no primeiro semestre para formação de estoques diante do aumento de preços em um cenário de demanda crescente. De acordo com ele, esse será um dos fatores que continuará pressionando para baixo o yield (tarifa pelo transporte) da companhia.

 

Entre os primeiros semestres, a tarifa média das commodities agrícolas caiu 0,5%, enquanto a dos produtos industriais recuou 2,1%. Para Campos, o yield continuará em queda até o final do ano devido à redução do preço do diesel ocorrido em junho que é repassado de 30% a 40% para o preço final e à continuidade da pressão sobre o mercado spot de frete. "Esse mercado está cerca de 15% abaixo do ano passado, com caminhões operando com margem próxima a zero", disse.

 

EXPECTATIVA. De acordo com o diretor da ALL, as atuais margens do mercado spot de frete não são sustentáveis e devem melhorar em algum momento, mas ele preferiu não fazer previsões acerca de prazos. "É muito cedo para falarmos de 2010, mas a expectativa é de recuperação da produção industrial e de um volume de produção agrícola superior ao deste ano. Tudo isso aponta para um frete melhor do que o que temos visto neste ano. Mas no curto prazo eu não sei se melhoraria", afirmou.

 

Campos disse, ainda, que a ALL deverá acrescentar de 900 a 1,2 mil vagões à sua malha de 2010 a 2015. Como cada um custa de R$ 220 mil a R$ 250 mil, o investimento feito pelos clientes seria de R$ 198 milhões a R$ 300 milhões. Na área industrial, a companhia tem mais de 20 projetos em discussão com clientes que, segundo Campos, ganharão mais velocidade após a crise. A ALL, inclusive, ganhou mercado com a crise por oferecer transporte mais eficiente em termos de custos.

 

"Temos perspectiva boa para o segundo semestre, com continuidade de ganho de market share no mercado industrial", afirmou. Segundo Campos, o volume transportado pela ALL deverá crescer entre 10% e 12% neste ano, sendo que no segundo semestre as perspectivas são positivas devido à expectativa de forte crescimento do volume de carga de retorno, a uma base de comparação favorável devido ao fraco terceiro trimestre do ano passado e aos novos projetos no segmento industrial.

 

Campos também comentou a construção da extensão ferroviária de 260 km até Rondonópolis, que já foi iniciada e será 90% financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo ele, os outros 10% poderão ser financiados pelo Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS). Por esse projeto não gerar posição de caixa adicional à ALL, Campos disse manter o cronograma de amortização da dívida da companhia.

 

"Mas sempre olhamos o mercado, que agora mostra captações curtas e caras e não temos o interesse. Mas se tiver captação mais a longo prazo, para 2011, pode ser que olhemos", disse. Campos também informou que o projeto de Rondonópolis atrasou em um ano a previsão da ALL de alcançar cash float (fluxo de caixa) positivo, que agora é esperado para 2012. Com relação aos investimentos da empresa, o executivo manteve a previsão de desembolsar R$ 600 milhões neste ano.

 


Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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