A crise financeira mundial atingiu em cheio a fabricante de calçados Alpargatas no segundo trimestre deste ano. O grupo que possui as marcas Havaianas, Topper, Mizuno, Timberland e Locomotiva amargou prejuízo líquido de R$ 1,261 milhão de abril a junho de 2009, contra lucro líquido de R$ 16,534 milhões em igual período de 2008. De janeiro a junho, os ganhos caíram 69,5% para R$ 19,241 milhões, contra os R$ 63,205 milhões registrados nos primeiros seis meses do ano passado.
"A insegurança em relação ao impacto da crise mundial no Brasil refletiu tardiamente na demanda por calçados, principalmente do segundo trimestre deste ano", afirmou o diretor presidente da Alpargatas, Márcio Utsch. Entretanto, o executivo destacou que, mesmo com volumes de vendas menores, as receitas bruta e líquida cresceram, devido à otimização da gestão do mix que deu prioridade às vendas de produtos de maior valor agregado.
De abril a junho deste ano, a receita líquida consolidada ficou em R$ 454,2 milhões, 5,1% maior do que os R$ 431,8 milhões registrados em igual meses de 2008. No primeiro semestre, o crescimento foi de 4,4%, passou de R$ 871 milhões no período de 2008 para R$ 910,1 milhões em 2009.
Segundo Ustch, os fatores que explicam o aumento da receita no trimestre foram, além do mix de vendas de produtos, o aumento dos preços médios das sandálias vendidas pela Alpargatas USA e pela Alpargatas Europa e o impacto positivo da valorização do dólar e do euro nas receitas em moeda estrangeiras. Ao final do trimestre, as operações nacionais representavam 72% da receita líquida consolidada da Alpargatas, ante 77% em período equivalente de 2008.
INVESTIMENTO. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que mede a geração de caixa da companhia, encerrou o primeiro trimestre em R$ 84,6 milhões, queda de 25,3% na comparação com os R$ 113,3 milhões de igual período de 2008. Nos seis primeiros meses do ano, a margem Ebitda foi de 75%. No segundo trimestre, a retração foi de 16,3%, passando de R$ 43,5 milhões de abril a junho do ano passado para R$ 36,4 milhões este ano. A margem ficou em 84%.
"Adotamos medidas para a redução de custos e despesas operacionais, prosseguindo com os projetos estratégicos de expansão das operações internacionais e de integração com as empresas adquiridas. Continuamos a investir em inovação e em comunicação, fatores imprescindíveis numa empresa de marcas", destacou Utsch.
Os investimentos no trimestre totalizaram R$ 8,4 milhões, dos quais 64% destinados a projetos de modernização industrial e suporte ao crescimento das operações internacionais. O diretor-presidente afirmou que está confiante que o segundo semestre será melhor. "Os consumidores já estão mais confiantes e propensos ao consumo. Além disso, os níveis dos estoques da cadeia de distribuição dos nossos produtos estão se reduzindo", disse. Ao final de junho de 2009, o endividamento líquido consolidado somava R$ 100,1 milhões, representando um múltiplo de apenas 0,3 vezes o Ebitda de 2008, indicando a solidez financeira da companhia.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ