As taxas mais atrativas de câmbio colaboraram para que o maior atacadista do País, o Makro, investisse mais na compra de artigos importados, que brevemente estarão à venda nas prateleiras das 69 unidades da companhia. Para este Natal, a expectativa é que itens como bebidas, perecíveis e não-alimentos tenham aumento no faturamento durante o período mais fértil das vendas no comércio. De acordo com Rubens Batista Júnior, presidente da rede pertencente à holandesa SHV, as negociações com os fornecedores nacionais também estão adiantadas.
Depois de contabilizar quase R$ 5 bilhões em ganhos no ano passado, a companhia reduziu para no máximo 13% a meta de crescimento para o ano; anteriormente eram cogitados 20%. "A desvalorização do preço das commodities e a queda da venda de não-alimentos ocasionada pela crise levou-nos a revisar alguns números", disse Batista Júnior. O orçamento deste ano foi definido em julho de 2008 e levava em consideração um crescimento de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB) e 4,5% de inflação.
Otimista, o executivo do Makro vislumbra que este ano o PIB brasileiro fique ainda no "zero a zero". Nas próximas semanas será finalizado o planejamento para 2010, que neste momento considera um cenário macroeconômico básico composto por crescimento de 3% do PIB e pelos mesmos 4,5% de inflação. Apesar da disparidade entre o cenário atual e o desenhado no passado, o investimento em expansão não será revisto.
"Abriremos dez unidades este ano, totalizando 75, o que consumirão R$ 240 milhões, provenientes de caixa próprio", afirmou Batista Júnior. Sem detalhar o desempenho no primeiro semestre, o presidente da rede sinalizou que o Makro registrou alta de um dígito se considerada a mesma base de lojas, e de dois dígitos em relação ao lucro líquido. Em 2008, foram abertas oito lojas com R$ 195 milhões.
Para compensar a morosidade em commodities, por exemplo, a empresa está voltando seus esforços para a categoria de frios. As outras saídas foram ampliar a oferta de serviços aos clientes com a criação do sistema de "contas nacionais", em que as compras são concentradas na matriz e as entregas podem ser efetuadas diretamente nas filiais.
Os clientes profissionais revendedores (pequenos varejistas) e transformadores (restaurantes, bares, pizzarias, cafeterias e hotéis) são agora os principais públicos da companhia, depois de observar uma queda de 5% no mercado de revendedores de não-alimentos e a estabilização das vendas do setor de serviços. Para os transformadores, o Makro segue com a expansão de lojas com o conceito Speciale, que fornece capacitação e atendimento diferenciado a consumidores de vinhos, queijos importados, charutaria e especiarias.
Mercado
Assim como os principais concorrentes -Atacadão (Carrefour), Assai (Grupo Pão de Açúcar) e Maxxi Atacado (Wal-Mart)-, o Makro tem o objetivo de estar presente em todos os estados do País, tanto que este ano Tocantins e Acre receberão novas filiais, e em 2010 será a vez de Amapá e Roraima.
Para o ano que vem, Rubens Batista Junior espera uma retomada da economia. "Mapeamos quais serão as principais oportunidades e ameaças para 2010, e acreditamos que o nível de consumo voltará a crescer", analisou. Além da recuperação de não-alimentos, especialmente os eletroeletrônicos, itens alimentícios como farinha, óleo, ovos, alguns dos perecíveis mais utilizados em restaurantes, deverão assumir a linha de frente nas vendas.
A despeito de rumores no mercado, o executivo nega que a controladora SHV possa vender o controle latino-americano do Makro, tanto que foi iniciada operação no Peru no mês passado.
Marketing
Para estreitar o relacionamento com os clientes, o Makro realiza até amanhã no Moinho Eventos, em São Paulo, a terceira edição do evento Makro Extravaganza, que apresenta novidades dos fornecedores da empresa e capacitação para os estabelecimentos comerciais transformadores de alimentos. Com investimento de R$ 5 milhões, o tema de 2009 é o Ano da França no Brasil.
Veículo: DCI