Consumo despenca e é o desafio da indústria de citros

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A indústria brasileira de laranja decidiu formar uma nova associação, que nasce em um período de más notícias: o consumo despencou e a relação estoque-demanda bate recorde nos Estados Unidos, o maior consumidor mundial de suco de laranja.

 

A esse encolhimento da demanda soma-se forte pressão dos fornecedores no mercado doméstico e dos concorrentes no comércio mundial. Assim, a associação, antes de pensar em mudar sua imagem - que seria uma de suas maiores prioridades - terá de responder por acusações de dumping e cartel e contornar um segmento depreciado pela queda do consumo.

 

Para vencer esse desafio, as quatro principais indústrias do setor no País - Cutrale, Citrovita, do Grupo Votorantim, Citrosuco e Louis Dreyfus Commodities (LDC) - criaram a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR). Desde 2005 as indústrias do setor não tinham uma entidade que de fato as representasse, já que nos últimos quatro anos a Associação Brasileira Exportadores de Cítricos (Abecitrus) respondia apenas pela Cutrale. Hoje a Abecitrus funciona apenas juridicamente.

 

Mercado e desafios

 

De acordo com Christian Lohbauer, diretor presidente da Citrus BR, a nova entidade nasce apoiada em três pilares: transparência, informação e consumo. "Vamos trabalhar para o consumo aumentar dentro e fora do País", disse. Este último deverá ser o quadro mais difícil de alterar.

 

A indústria está correndo para se adaptar às mudanças de um setor que passou por grandes transformações nesta década. De 2001 a 2008 o consumo mundial de suco de laranja caiu 17%, sendo que nos Estados Unidos a queda foi da ordem de 25%, de acordo com o Departamento de Citrus da Flórida (FDOC, na sigla em inglês). Os norte-americanos também têm hoje a maior relação entre estoque e demanda da história. O volume guardado no país equivale a oito semanas de consumo, sendo que normalmente os estoques correspondem de três a quatro semanas.

 

A queda do consumo mundial e a alta dos estoques é explicada pela concorrência com novos produtos que chegaram no mercado nos últimos anos, entre eles os isotônicos e as águas aromatizadas. A consequência é a redução dos preços mundiais aos menores patamares históricos e uma mudança na cadeia produtiva.

 

A esperada diminuição na safra de laranja da Flórida, segundo maior polo produtivo mundial, atrás apenas do Brasil, pode influenciar esse cenário, mas apenas no médio prazo. "Até o fim deste ano os preços devem seguir deprimidos, mantendo a cotação da laranja sem contrato em valores bastante reduzidos", avaliou Lohbauer. De acordo com o executivo, a notícia da quebra de safra já teve um efeito positivo na Bolsa e deve refletir-se no preço pago das caixas que ainda não estão contratadas.

 

Na última semana, o LaSalle Futures Group apontou um decréscimo de 14% na safra da Flórida no próximo ano devido às condições climáticas adversas e às perdas causadas por pragas e pelas compras de terrenos pelas incorporadoras imobiliárias. Caso os números sejam confirmados, isso representaria uma queda de 162,1 milhões de caixas colhidas na atual safra para algo próximo a 140 milhões no ano-safra que começa em outubro.

 

Indústria versus produtor

 

As empresas estão priorizando contratos de longo prazo, de preferência com poucos e fiéis fornecedores, o que formou um "racha"entre produção e indústria.

 

Os fornecedores acusam as companhias de formação de cartel, atribuindo preços diferenciados e em muitos casos abaixo do custo de produção, além da concentração do setor, que está tirando produtores da atividade. Atualmente 30% dos pomares do Brasil pertencem à indústria, que se defende alegando que a aquisição dessas áreas faz parte da estratégia para garantir escala e qualidade. "Outros 50% já estão contratados a preços de até R$ 15 a caixa. Esse preço de R$ 3,70 é de quem ainda não tem contrato, que é uma minoria de 20%. O parceiro integrado vai ganhando mais", afirmou Lohbauer. Ele destaca que a concentração sempre existiu e sempre vai existir no setor. "Hoje 5% dos produtores têm 50% dos pomares", disse.

 

Na próxima terça-feira, 25, as indústrias terão de responder formalmente a essas acusações durante audiência pública para debater a crise no setor citrícola. Também será analisada na audiência a suspeita de subfaturamento das exportações por parte das indústrias. A prática de um preço mínimo para a laranja também deverá ser posta em pauta pelos produtores, proposta que será negada pela indústria.

 

A indústria brasileira de laranja decidiu formar uma nova associação, que nasce em um período de más notícias: o consumo despencou e a relação estoque-demanda bate recorde nos Estados Unidos, o maior consumidor mundial de suco de laranja.

 

A esse encolhimento da demanda soma-se a forte pressão dos fornecedores no mercado doméstico e dos concorrentes no comércio mundial. Assim, a associação, antes de pensar em mudar sua imagem - que seria uma de suas maiores prioridades -, terá de responder por acusações de dumping e de cartel e contornar um segmento depreciado pela queda do consumo.

 

Para vencer esse desafio, as quatro principais indústrias do setor no País - Cutrale, Citrovita, do Grupo Votorantim, Citrosuco e Louis Dreyfus Commodities (LDC) - criaram a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR). Desde 2005 as indústrias do setor não tinham uma entidade que de fato as representasse, já que nos últimos quatro anos a Associação Brasileira Exportadores de Cítricos (Abecitrus) respondia apenas pela Cutrale. Hoje a Abecitrus funciona juridicamente.

 

De acordo com Christian Lohbauer, diretor presidente da Citrus BR, a nova entidade nasce apoiada em três pilares: transparência, informação e consumo. "Vamos trabalhar para o consumo aumentar dentro e fora do País", disse Lohbauer. Essa é a tarefa mais difícil para a nova entidade.

 


Veículo: DCI


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