"Prevíamos que a crise pudesse provocar uma queda em nosso faturamento no Brasil, mas isso não ocorreu. Registramos aumento nas vendas de mais de 10% há vários trimestres. O Brasil é um mercado promissor para a distribuição de alimentos", disse ao Valor o CEO do grupo francês Casino, Jean-Charles Naouri.
Os consumidores dos mercados emergentes, como o Brasil, não apenas compraram mais do que os dos países ricos nesse período de crise. Há algumas diferenças de comportamento, em relação a utilização de marcas próprias e compras nos hipermercados. "Nos países emergentes, as marcas nacionais mantêm uma imagem que tranquiliza o consumidor, principalmente os da classe D que passam à classe C, que não compravam antes em redes de lojas. À medida que o consumidor se torna mais sofisticado, ele percebe que a marca própria tem a mesma qualidade da marca nacional", diz Naouri. "Progressivamente, o consumidor passa a comprar marcas próprias. Mas isso leva alguns anos. O Brasil passa por isso atualmente. Vemos o fortalecimento das marcas próprias no Brasil, que estão em plena evolução."
Mas este mercado no Brasil, diz ele, ainda não atingiu os mesmos níveis da Alemanha, da Inglaterra e da França, onde o volume dos produtos de marca própria ultrapassou 50% das vendas totais. "No Brasil, isso irá se acelerar. Mas não devemos nos precipitar, forçar as coisas. Devemos ir mais lentamente no Brasil e na Colômbia em relação às marcas próprias", diz Naouri, ressaltando que o Grupo Pão de Açúcar vem desenvolvendo esse setor. Ele também observa, com um certo humor, que a marca Casino é vista como uma marca premium no Brasil por ser francesa.
Enquanto o grupo Casino reduz o tamanho de seus hipermercados na França, no Brasil esse modelo tem uma posição forte. "No Brasil temos uma estratégia clássica de hipermercado: redução de preços e dos custos. É o modelo que foi praticado na França há 30 anos". (DF)
Veículo: Valor Econômico