Mesmo com a crise, as vendas diretas se mantiveram aquecidas no Brasil. No primeiro semestre deste ano, o setor movimentou cerca de R$ 9,586 bilhões, o que representa um crescimento de 18,3% ante o mesmo período de 2008, segundo a ABEVD (Associação Brasileira de Vendas Diretas).
Para Lírio Cipriani, presidente da entidade, o principal motivo para o aumento foi o fato de o setor operar com pagamento à vista, e não ter, portanto, se ressentido do impacto da escassez de crédito.
Cipriani afirma que houve um aquecimento da comercialização de produtos de cuidados pessoais -que respondem por 88% da receita do setor- e de suplementos nutricionais (6%), em parte para compensar a frustração do consumidor de não poder trocar bens duráveis, como a TV ou o carro, ou pelo adiamento de uma viagem.
O setor também atraiu mais trabalhadores desde o aprofundamento da crise, que abalou o emprego. No primeiro semestre de 2009, a ABEVD registrou aumento de 17,8% no número de revendedores autônomos, em comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a 2,221 milhões de pessoas no país.
"Em meio às dificuldades de alguns setores que demitiram na crise, afetando a renda familiar, a atividade do revendedor autônomo em vendas diretas atraiu muita gente em busca de uma renda complementar. Mas não foi apenas isso. O crucial foi que o crédito, que ficou escasso na recessão, não é tão relevante nas vendas diretas."
A consequência do grande aumento do número de revendedores no setor foi a redução da quantidade de itens comercializados por revendedor, que caiu 5,5% no período, em relação aos 368,8 itens per capita registrados há um ano.
De acordo com o presidente da ABEVD, a entrada de tantos novos revendedores, ainda inexperientes, reduz temporariamente o índice de venda média por revendedor.
Veículo: Folha de S.Paulo