Se por um lado a crise internacional postergou os investimentos em design, também ampliou a demanda para a área de consultoria de marcas, serviço conhecido como branding, que envolve o desenvolvimento de imagem moderna para a empresa. É o que apontam as empresas Ana Couto Branding & Design, GAD, Digital Branding e Haus Design, que esperam crescer até 30%, acima das expectativas desse setor para este ano. A Associação Brasileira de Empresas de Design (Abedesign), que reúne 150 empresas do setor, prevê movimentação de R$ 100 milhões para 2009, próxima à de 2008. Para 2010, estima crescimento de 30%.
"Em um período de incerteza, as empresas que têm uma marca mais forte têm vantagem competitiva muito maior", pontua Natascha Brasil, sócia diretora da Ana Couto Branding & Design. A agência vai encerrar o ano com um crescimento de 30% no faturamento e com 10 novas contas em sua carteira de clientes, entre eles Cosan, Topper, Alpargatas e Hypermarcas.
Entre os projetos executados este ano, a empresa destaca a mudança nas logomarcas da Cosan, do setor sucroenergético, e da Topper, fabricante de artigos esportivos. Foi a primeira vez que a sucroalcooleira alterou sua identidade visual desde 1936. A empresa também está reposicionando suas marcas desde 2008, após a compra da Esso. Já a Topper busca reposicionar sua marca globalmente.
A executiva ressaltou ainda que o custo também se destaca como outro atrativo ao setor no período de crise. "Os investimentos em branding geralmente não ultrapassam R$ 1 milhão e o impacto das ações duram mais do que uma campanha publicitária", reforça a empresária, que cita aberturas de capital, processos de internacionalização e a contabilização financeira das marcas como outros fatores que favorecem o setor.
Outra empresa que espera crescer 15% é a GAD, por conta da consolidação do processo de aquisição da Brivia, agência digital com sede em Porto Alegre (RS), feita há um ano, para expandir a atuação da empresa na internet. Segundo Luciano Deos, diretor da agência, espera atingir este ano uma receita de R$ 15 milhões. "Com a nova operação de tecnologia, passamos a oferecer uma plataforma de serviços mais complexa e pudemos dar mais ênfase à estratégia de negócio dos clientes", enfatiza o empresário.
Uma das estratégias a que o executivo se refere é a de gestão da marca no meio digital, que ele chama de digital branding. Ele cita o trabalho que a agência está fazendo para aTelefônica. "Estamos ajudando a companhia a entrar no varejo, com foco na construção de modelos de loja interessantes. O digital branding nos auxilia a pensar, ao mesmo tempo, a loja física e digital", explica. Este ano a agência também conquistou um Leão de Prata no Festival de Cannes por um trabalho de design desenvolvido para a Claro na América Latina.
A Haus Design afirma ter sentido os efeitos da crise e espera ter o mesmo faturamento de 2008. "Sentimos uma parada no início do ano, mas após o primeiro trimestre voltamos a ter demanda de novos projetos, muitos para 2010", informa Gisela Schulzinger, diretora da agência, que espera crescer até 50% no ano que vem, com foco em empresas de médio porte em busca de reposicionamento. Este ano, fez o projeto de mudança da marca Castor, fabricante de ferramentas para pintura. "Redesenhamos a logomarca e embalagens e daremos início a um segundo projeto no ano que vem."
A 100% Design também sentiu a paralisação dos investimentos e, por conta disso, reviu custos. "Fomos mais flexíveis nos orçamentos e fechamos novos clientes, que ainda tem potencial para crescer no ano que vem", diz Patrícia Oliveira, sócia da agência, que já fechou projetos com empresas como Marilan, Havaianas, Todeschini e Boticário.
Cartão BNDES
As pequenas e médias empresas que possuem o cartão Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - 230 mil no total-, poderão contratar serviços de design utilizando esta forma de pagamento. O financiamento será liberado após a conclusão de um estudo que definirá os critérios de credenciamento das empresas brasileiras do setor.
O anúncio foi durante a Brazil Design Week, evento realizado na semana passada, em São Paulo. "Nossa expectativa é que a iniciativa triplique o faturamento das empresas do setor em três anos", afirmou Luciano Deos, presidente da Abedesign. Em operação desde 2003, o cartão oferece taxa de juros 0,97% ao mês e limite máximo de R$ 500 mil por unidade, podendo ter mais de um banco emissor. Em setembro deste ano, a instituição afirmou que já havia estendido os benefícios para serviços tecnológicos, além de design, modelagem de produto e desenvolvimento de embalagem, com a condição de que fossem executados por instituições científicas e de tecnologia.
Veículo: DCI