A exemplo de muitos países, o Brasil começou a se preocupar a prática do compliance nas empresas, cujo objetivo é detectar, prevenir e combater fraudes corporativas. Para especialistas, a existência de um código de conduta interno para empregados e funcionários é fundamental para garantir a estabilidade da marca e o bom funcionamento da organização.
"Compliance significa em conformidade com algo. Por isso, a missão desse programa numa empresa é evitar riscos já que, sem cuidados, a marca de uma empresa construída arduamente pode ser rapidamente destruída", alerta a gerente de compliance do Banco Carrefour Ednéa Queiroz.
O gerente do setor do Wal-Mart do Brasil Leonardo Luis Machado, concorda. Para ele, o combate à corrupção é a ferramenta de sustentabilidade. "É necessário falar com a linguagem adequada ao seu funcionário, que em cada empresa é diferente. Não dá para ensinar ética para pessoas adultas e, por isso, é bom buscar uma mudança de postura do brasileiro, acostumado a levar vantagem em tudo", comenta Machado.
Para o gerente de assuntos jurídicos da Interfarma Ronaldo Pires, muitas vezes a empresa não sabe da transgressão interna e acaba sendo notificada por agentes externos. "O melhor fiscal de uma organização não é o setor público, mas o concorrente", afirma Pires. A associação, que atende indústrias farmacêuticas, criou um código de conduta para o setor que, caso seja transgredido, a indústria é julgada pela Interfarma, podendo sofrer penas pecuniárias mais elevadas do que as aplicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Eficácia
Um programa eficiente tem o poder de reduzir a expansão de possíveis crises, principalmente em empresas de grande porte. A afirmação é da advogada Shin Kim, sócia do escritório Tozzini Freire. No entendimento dela, a investigação para a eficácia do compliance é fundamental e demonstra comprometimento com a organização do programa. "Dependendo da gravidade do caso, pode haver uma investigação interna ou externa, com terceirizados. É importante o cuidado porque uma investigação não pode esbarrar nos crimes de cárcere privado e constrangimento ilegal", alerta a especialista, que foi uma das palestrantes do I Seminário de Ética e Compliance nas Organizações, realizado ontem na capital paulista.
Veículo: DCI