Justiça aprova pedido de recuperação da Corsetti

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Com 133 anos de história e um ícone na indústria alimentícia do País, a Corsetti Indústria e Comércio, de Caxias do Sul, teve acatado seu pedido de recuperação judicial pelo juiz da 1ª Vara Cível da comarca do município. A empresa, já com acompanhamento do administrador judicial Jean Scalabrini, terá agora dois meses para apresentar o plano de reestruturação. Com a decisão, ficam suspensas, até a análise do documento, todas as execuções que corriam contra a organização. O valor total do passivo ultrapassa a casa dos R$ 20 milhões. De acordo com o advogado João Pedro Scalzilli, responsável pelo pedido, as dívidas estão distribuídas, quase que de forma uniforme, dentre vários credores.

A empresa relaciona as inúmeras valorizações e desvalorizações de moedas e a escassez de recursos no mercado financeiro como fatores decisivos para o pedido. Segundo o advogado, o golpe fatal se iniciou com a crise de 2008, agravando a escassez de recursos no mercado financeiro, que impossibilitou a empresa de continuar rolando a sua já pesada dívida. Em 2011, um incêndio destruiu silos de armazenagem. Antes disso, no entanto, a empresa sofreu duro revés com a morte em acidente aéreo, em 1981, de seu diretor-superintendente, Norberto Corsetti. Sucederam-se dissidências na sociedade, gerando descapitalização da empresa por conta da necessidade de pagamento dos acionistas que saíram. Atualmente, a família Corsetti participa da empresa em sociedade com um investidor.

Segundo advogado, o plano de reestruturação deve posicionar a Corsetti de outra forma no mercado. A empresa não terá a moagem como seu principal negócio, mas focará na intermediação de grãos, por meio de compra e venda. “O objetivo é aproveitar a marca, ainda muito conhecida em todo o Brasil.” A empresa se originou a partir das sementes que foram distribuídas pelo governo brasileiro aos imigrantes italianos. Com o passar dos anos, a organização ampliou o leque de atividades para além da moagem do milho, produzindo farinha para polenta e extraindo óleo vegetal de linhaça, girassol e oleaginosas. Até o final da década de 1980, foi uma das principais parceiras da Nestlé no Brasil, responsável por todo o fornecimento de aveia e mel à multinacional.


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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