Empresas sofrem com queda de prazos imposta por bancos

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Dados do Banco Central (BC) mostram um comportamento distinto em relação aos prazos de concessão de crédito entre pessoas físicas e jurídicas. O período médio para empresas quitarem seus empréstimos foi de 68,4 meses em janeiro, em julho foi de 63 meses. Entre as famílias, o movimento foi oposto com um aumento de 125,4 meses para 133,9 meses em igual período. O prazo em recursos livres também caiu entre as empresas. Em janeiro o prazo médio foi de 27,7 meses, em julho foi de 26,2 meses.

Para especialistas esse movimento ocorre por duas razões principais. A primeira é por uma queda de demanda de crédito das micro, pequenas e médias empresas por conta de um cenário de baixo crescimento. "Com o fraco desempenho da economia brasileira, os empresários estão adiando decisões de investimento e por isso demandam menos crédito", afirmou o professor e pesquisador do Instituto Assaf, Fabiano Guasti Lima.

Outra razão é que os bancos têm sido cada vez mais seletivos na concessão de crédito por conta do aumento do endividamento das famílias e das empresas. Dessa forma, a expansão se concentra em linhas de menor risco para as instituições financeiras, como é o caso das grandes empresas. Dessa forma as companhias de porte pequeno ou médio tem dificuldade de acessar boas condições de crédito no mercado.

Os balanços do primeiro semestre do ano dos quatro dos maiores bancos do país, Santander, Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco mostram que essas instituições têm repassado mais recursos para as grandes do que para as pequenas e médias empresas. Essas quatro instituições somadas tinham um saldo de R$ 317,6 bilhões em crédito com as companhias de menor porte em junho do ano passado, em igual período desse ano o saldo foi de R$ 337 bilhões, alta de 5,7%.

Em igual período o saldo para grandes empresas passou de R$ 522,9 bilhões para R$ 595,2 bilhões, alta de 12,5%. "No Brasil se você não é uma companhia consolidada de porte grande é muito difícil conseguir acesso a crédito de longo prazo. Em um cenário de maior seletividade por parte dos bancos fica mais difícil ainda e esse fenômeno que pode estar acontecendo atualmente", afirmou o professor da Anhembi Morumbi, Cláudio Gonçalves.

Pessoas físicas

No caso das pessoas físicas dois fatores pesaram para o alongamento dos prazos para pagamento das dívidas. O primeiro é o fortalecimento do financiamento imobiliário que cresce acima dos outros segmentos do crédito e tem prazo maior.

Em janeiro, as pessoas tinham um prazo médio de 314,7 meses para quitar o financiamento para compra de imóveis. Em julho esse índice foi de 325,4 meses. "Os brasileiros estão comprando cada vez mais imóveis e como os prazos são maiores isso impulsiona a média de tempo de quitação dessa dívida no sistema como um todo", afirmou Cláudio Gonçalves.

O professor lembrou ainda que em meados do ano passado, diversas instituições baixaram juros para financiamento imobiliário e alongaram os prazos. A Caixa, por exemplo, ampliou o prazo máximo de 30 para 35 anos.

O crédito consignado, outra aposta dos bancos nos últimos anos, também está com prazos maiores de pagamento. Em janeiro desse ano, as pessoas tinham 59,6 meses em média para quitar o empréstimo. Em julho essa média passou para 61,2 meses, alta de 1,6 meses.



Veículo: DCI


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