A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) lançou seu programa de certificação para a carne bovina. O varejo, que responde pela comercialização de cerca de 60% da venda de carne no mercado interno, comprometeu-se a não mais comercializar o produto que não seguir os critérios estabelecidos pelo programa. A ideia é que não seja comercializada carne proveniente de áreas desmatadas a partir de 31 de julho deste ano e originária de fazendas que não atendam a legislação ambiental.
Para conseguir colocar o produto sustentável na gôndola, a Abras pretende certificar os frigoríficos e obter deles a garantia de controle dos pecuaristas, de forma a atender o programa. "O processo de certificação dos frigoríficos envolve a averiguação dos pecuaristas, que serão auditados dentro de uma amostragem", diz Tiaraju Pires, superintendente da Abras.
Para o presidente da entidade, Sussumo Honda, o programa não cria nada de novo, ele apenas envolve em um único plano todos os projetos de certificação de origem já existentes no mercado. Segundo ele, 17 redes varejistas já aderiram de forma preliminar ao programa de certificação, o que representa 45% do varejo nacional. "Acreditamos que até o início de 2010 conseguiremos elevar essa participação para 60% do varejo", afirma.
Apesar de a Abras ter divulgado uma lista, também preliminar, dos frigoríficos que aderiram ao programa, efetivamente as empresas não assinaram nenhum acordo. Fontes das indústrias consideram que a iniciativa da entidade é positiva, mas que as exigências feitas, principalmente em relação a assumir a responsabilidade do pecuarista, ainda precisam ser ajustadas. "Se os frigoríficos não aderirem, não existe programa. Estamos ouvindo as indústrias para podermos fazer os ajustes que forem necessários ao longo do tempo, já que o processo é evolutivo", afirma Honda.
No processo de auditoria, os frigoríficos precisam cumprir uma série de itens, que geram uma pontuação máxima. Para 2010, as indústrias precisariam atingir pelo menos 50% da pontuação máxima. O percentual sobe para 70% em 2011 e para 80% em 2012. Além da pontuação, existem os chamados "pontos críticos", que não podem ser identificados, independentemente da pontuação atingida.
Segundo Pires, a compra de animais de fazendas não cadastradas, falhas no controle de identificação de origem dos animais ou de unidades de abate implicam aos frigoríficos a necessidade de uma nova auditoria em 90 dias.
Em casos de compra de animais de fazendas inseridas na lista de embargo do Ibama, do Ministério do Trabalho ou de propriedades envolvidas em áreas de invasão de terras indígenas e grilagem, a indústria perde a certificação por pelo menos seis meses. (AI)
Veículo: Valor Econômico