Carnaval fora de hora afetou desempenho do setor em março

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A rede de supermercados Nordestão, com sede em Natal (RN), identificou uma redução na demanda em março, mês em que, na avaliação da empresa, o resultado ficou abaixo do esperado. "Não foi exatamente um sonho", diz Manoel Etelvino de Medeiros, diretor-presidente da companhia.

 

"Não sei dizer por que isso aconteceu, mas também foi algo leve. Achamos que é uma questão pontual", conta ele, que não deu detalhes a respeito das vendas por categoria de produtos. Com sete lojas, a companhia faturou R$ 434 milhões em 2009, último balanço do setor publicado pela revista "Supermercado Moderno".

 

O Valor apurou que outra rede de varejo, na área de vestuário, verificou retração na demanda na última semana do mês de março. "Acreditamos que isso é reflexo da baixa que acontece sempre após o Carnaval", contou o executivo da companhia. "Dessa vez o Carnaval veio mais tarde e acabou afetando as vendas mais tarde também. No ano passado, a baixa veio antes, porque o Carnaval foi mais cedo". Após a folga do feriado, as famílias reduzem os gastos e isso acaba afetando o varejo.

 

A Salfer, de Santa Catarina e Paraná, disse que a "balada otimista de 2010 não vem com a mesma velocidade em 2011". A empresa cresceu 30% em 2010, para um faturamento de R$ 700 milhões, e este ano prevê aumento pouco inferior, de 27%. O principal mercado da rede, Santa Catarina, foi atingido por muitas chuvas e o verão praticamente não aconteceu, o que comprometeu em parte a venda de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores no início de ano.

 

A City Lar, que atua no centro-norte do país (faturamento de R$ 1 bilhão), afirmou que março cresceu em relação a fevereiro, mas foi menos do que o esperado, por causa do Carnaval e das fortes chuvas que atrapalharam o operação do agronegócio (principal atividade das regiões atendidas pela varejista).

 

Uma grande varejista de vestuário afirmou que sentiu a queda do consumo em março. O mês começou acelerado, mas da metade em diante as vendas começaram a recuar. Esse varejista acredita que seja mais um "efeito psicológico" sentido pelo consumidor, que teria sido afetado pelas notícias a respeito do aumento da inflação.

 

A Abras, entidade que representa as redes de supermercados, acredita que a atividade do setor pode ser beneficiada pelas medidas para encarecer o crédito, porque o consumidor tende a redirecionar o consumo para o varejo de alimentos, deixando em segundo plano a aquisição de bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis.

 

A previsão da associação é aumentar as vendas em 4% este ano, mesmo percentual de crescimento de 2010. Os supermercadistas não sentiram desaceleração nas vendas em março.

Veículo: Valor Econômico


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