"Nosso maior problema é a infra-estrutura, o escoamento da produção, a questão logística é muito forte".
- Paulo Arenhart
A Exposuper 2011, 24ª Feira de Produtos, Serviços e Equipamentos para Supermercados e Convenção Catarinense de Supermercadistas encerrou na última quarta-feira, em Joinville, com mais de 27 mil visitantes e um volume de negócios superior a R$ 150 milhões. A feira contou com a participação do presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), desde 2007, Sussumu Honda, também diretor da rede Ricoy Supermercados, de São Paulo, e um dos mais destacados líderes do setor na atualidade que falou à Panorama sobre a feira e o atual momento do setor supermercadista, confira:
Panorama - Qual a avaliação que o senhor faz da Exposuper em Santa Catarina?
Sussumu Honda – A Exposuper se transformou em um dos grandes eventos do setor supermercadista do Brasil. A Acats (Associação Catarinense de Supermercados) profissionalizou a sua gestão e hoje colhe os frutos desta profissionalização, tendo à frente um superintendente muito ativo como o Adriano Manoel dos Santos. Esta mudança de Florianópolis para Joinville permitiu a expansão da feira e isto foi muito bom, porque com a ampliação dos espaços, mais indústrias e mais convencionais estão participando e, conseqüentemente, mais pessoas visitando o evento.
Panorama – Como o senhor vê hoje o desenvolvimento do setor do varejo?
Honda – O varejo vai bem. Apesar das medidas do governo voltadas somente para o setor de comércio que necessita de financiamento, o setor de bens duráveis, a área supermercadista vai bem e continua crescendo.
Panorama - E como está sendo este relacionamento com a nova classe que está chegando ao mercado consumidor?
Honda - Os grandes consumidores de supermercados hoje, as classes C, D e E, são responsáveis por 75% do consumo no Brasil. Isto mostra que eles têm uma importância muito grande. Por serem classes que não têm sobras no orçamento, exigem preços baixos, e assim, há muita competitividade no setor e também por parte da indústria.
Panorama - Qual a expectativa de crescimento do setor supermercadista em 2011?
Honda – Temos uma estimativa de crescimento de 4% este ano, levando em consideração o atual quadro, mas tudo já deflacionado. É um crescimento factível, porque em 2010, também crescemos em torno de 4,5%.
Panorama – Quais são os grandes gargalos do setor supermercadista hoje?
Honda – Nosso maior problema é a infraestrutura, o escoamento da produção, a questão logística é muito forte. Também temos problemas com as questões estruturais, como a valorização imobiliária, bem como na área de recursos humanos, onde nossa grande dificuldade é a formação de mão de obra especializada. O setor de panificação, por exemplo, vive com este processo da falta de padeiros. Mas esta é uma questão generalizada no país, vem ocorrendo na construção civil e no setor industrial; há falta de mão de obra em todo o Brasil.
Panorama – Como administrar este avanço das redes supermercadistas internacionais? Dá para resistir?
Honda – Dá, sim, e resistimos bem. A prova disso é Santa Catarina: as grandes redes internacionais não têm grandes participações aqui. As redes regionais é que dominam o mercado. Em vários estados do país a presença destas grandes redes ainda é incipiente. Já em São Paulo, Minas e no Rio de Janeiro a presença das multinacionais é bem maior. As redes internacionais ainda são menores que as redes regionais em cada estado. Elas são grandes apenas no conjunto.
Panorama – O setor deve continuar, assim, dividido?
Honda – Acho que sim, o mercado deve continuar desta forma: as redes regionais não vão desaparecer. Teremos alguma dinâmica de fusões, novas empresas, modelos novos surgindo, esta dinâmica no varejo alimentar sempre vai existir. Falamos de uma população que está ascendendo ao consumo agora, e temos outra população, das classes A e B, que está sofisticando o consumo, o que cria oportunidade de modelos novos e diferentes de varejo.
Veículo: ND Online