Políticas públicas entram no foco do comércio varejista

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Debater políticas públicas voltadas para o varejo e mostrar as contribuições que o setor dá em cada região do País são assuntos que começam a ganhar fôlego no comércio varejista. Começa hoje, aliás, em São Paulo, uma série de encontros de empresários e executivos do setor com governadores e prefeitos de várias regiões, promovidas pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). O primeiro convidado será o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que participará de um almoço com os associados da entidade, presidida por Flávio Rocha, da Riachuelo.

A perspectiva é que o mercado de trabalho, com entraves como a falta de mão de obra e capacitação, além de problemas com logística e altos tributos, sejam áreas de destaque nos debates.

O mercado de trabalho aparece no setor com duas vertentes, pois, apesar de preocupar o setor, foi justamente o que o impulsionou, em termos de aumento de vendas em janeiro. Ou seja, o setor de hipermercados e supermercados registrou forte crescimento em janeiro, influenciado pelo aumento da renda do trabalhador e na estabilidade do emprego. A alta nas vendas foi de 1,4% em relação a dezembro - o maior aumento desde janeiro de 2012, quando cresceu 7,7% -, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, há várias razões que explicam o bom desempenho do setor, a despeito da pressão do aumentos de preços de produtos alimentícios.

"São produtos de primeira necessidade, teve aumento de renda. É início de ano, com férias, 13º salário, as pessoas estão com um pouco mais de dinheiro", enumerou ele. O gerente do IBGE lembrou que, em 12 meses, houve um aumento de preços de 12% na alimentação no domicílio pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). "Alimentação está crescendo mais forte que a inflação média", apontou Pereira.

Na comparação com janeiro de 2012, o segmento de supermercados e hipermercados puxou a expansão de 5,9% nas vendas no varejo. A alta de 3,4% nas vendas do setor correspondeu a 29,5% da taxa do varejo no período. "A alimentação responde por 30% da taxa porque o peso dessa atividade é muito alto."

Para Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), mesmo com o salto apresentado no faturamento das redes, o volume diminuiu no período devido à inflação que tem mostrado instabilidade no País. "O maior faturamento do setor se deveu à alta dos preços dos alimentos no ano passado. Problemas com chuva excessiva em algumas regiões e seca em outras fizeram com que o volume de vendas fosse menor", explicou, ao DCI.

Outro ponto levantado pelo economista- -chefe foi que o varejo em geral, vem de um ano desacelerado, mas de crescimento significativo - mais de 8% em 2012 -, mas para 2013 a tendência é que ele cresça cerca de 5,5%. "Ano passado a renda e o emprego foram representativos, mas este ano não teremos o mesmo aumento da massa salarial nem a geração de muitos empregos, e isso vai segurar o crescimento", disse ele.

Ao que tudo indica, esse nicho de mercado permanecerá aquecido ao longo do ano, em especial, depois da desoneração de impostos nos produtos que compõem a cesta básica. Mas, mesmo com a desoneração, para Aylton Fornari, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), ainda é cedo para rever a projeção de crescimento do setor este ano, que, segundo a entidade presidida por Fernando Yamada, será de 6%. "Ainda é um momento de cautela, e é cedo para rever a previsão de crescimento calculada no começo do ano", disse.

Cautela também é o mote da ACSP. Segundo Solimeo, só impulsionar o consumo não fará com que o setor desempenhe um papel melhor ao longo deste ano. "O varejo cresceu muito mais que a economia como um todo. Mas, para que ainda haja mais crescimento do consumo é necessário que a indústria se recupere.

"O governo já estimulou o consumo, agora ele deve estimular a indústria de bens de consumo, para que ela possa ter mais a oferecer ao mercado", enfatizou.

Ainda segundo dados do IBGE, o segundo maior impacto para a taxa do varejo em janeiro em relação ao mesmo período do ano anterior foi da atividade de outros artigos de uso pessoal e doméstico, com crescimento de 13,9%, o equivalente a uma contribuição de 22,3% para as vendas no varejo no período analisado.

Em seguida, o segmento de móveis e eletrodomésticos teve impacto de 13,4% para o crescimento do varejo, com aumento de 5,8% nas vendas em 2013.

Dos segmentos pesquisados pela entidade, cabe destaque ao setor de informática que cresceu de 18,5% em relação a dezembro do ano passado. O índice mostra uma recuperação deste nicho.



Veículo: DCI


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