Para fortalecer o varejo brasileiro, um dos objetivos que o executivo se propõe a atingir é a de estreitar suas relações com o governo, com foco na desoneração do setor e no controle da inflação
Fernando Teruó Yamada, de 58 anos, é o primeiro presidente nortista da Abras – Associação Brasileira de Supermercados. O executivo nasceu em Belém do Pará, sendo um dos responsáveis pelo sucesso do Magazine Yamada, negócio fundado pelo pai e pelo avô em 1950, e que, atualmente, conta com 34 lojas na capital do Estado paraense, constituindo uma rede que ocupa a 15a posição entre as maiores bandeiras do País, segundo dados obtidos pelo Ranking Abras 2012.
Com grande experiência no varejo, aos onze anos de idade começou a trabalhar, nos períodos de férias, na primeira loja da rede paraense. Nunca parou os estudos, e passou por todas as funções de chão de loja até chegar à diretoria. “A maior contribuição que posso dar para o varejo é ser um empresário supermercadista e presidente da Abras ao mesmo tempo. Exerço o cargo pensando no meu dia a dia e no dos meus colegas nas lojas. Pretendo fortalecer o associativo em prol do benefício do setor. Espero que todos se empenhem em somar esforços comigo nessa tarefa”, afirma.
Qual é a sua proposta à frente da Abras e do varejo brasileiro?
Uma das minhas missões é deixar o setor mais forte por meio das filiadas estaduais. Temos filiadas estabelecidas, principalmente, no Sul e no Sudeste, mas há outras que deixam a desejar no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. Os empresários nessas regiões precisam entender que o varejo é um só, e que o cliente quer um bom serviço em todos os cantos do Brasil. E temos condições de prestar esse atendimento. O segredo para se ter um correto nivelamento de preços e serviços está em poder contar com um bom abastecimento. O cliente que quer o produto em São Paulo é o mesmo que aquele de qualquer Estado do Norte ou de qualquer capital. O produto globalizou no Brasil, só que não é fácil colocar mercadorias em qualquer lugar. Quero que aquilo que aconteça nas lojas de São Paulo, também seja uma realidade em outros Estados.
Quais são os desafios com que o varejo de alimentos se defronta na atualidade?
Se fizéssemos um levantamento do número de lojas pequenas e médias no Brasil, verificaríamos que hoje o percentual delas é maior do que antes. O desafio que temos de vencer é o de capacitar esses pontos de venda. Mas não adianta apoiar somente aqueles que se localizam em Estados mais bem estruturados. O desafio consiste em profissionalizar os Estados que se localizam em regiões que também precisam de estrutura. Não basta fornecer produtos a essas lojas. O consumidor passou a exigir do varejo como um todo algo mais que um mero conteúdo de commodities, algo mais rico em informações, além de serviços.
Os desafios que o pequeno varejo enfrenta são os mesmos com que as grandes redes se defrontam?
São os mesmos, mas nas suas devidas proporções. O que o grande varejo perde nas relações pessoais com o cliente – do rico ao pobre, as pessoas gostam de um bom atendimento pessoal –, o pequeno varejo está dez vezes mais próximo de quem compra. O grande varejo tem mais tecnologia, tem uma logística mais bem estruturada, e por essa razão consegue operar melhor a loja, mas o atendimento ao cliente não é melhor do que o prestado pelo pequeno ou médio. Hoje, o que manda no Brasil não é o preço nem o produto. Operar o cliente com qualidade é o diferencial. O pequeno varejo consegue isso, mas também é importante que esse canal não perca o seu regionalismo. Além de saber operar o cliente, ele é regionalista. Por isso, essas lojas estão crescendo.
Que fator é determinante para o sucesso de uma loja, seja ela pequena ou grande?
Supermercado é o mesmo em qualquer lugar, mas em cidades grandes, a mobilidade das pessoas é muito mais difícil. E não precisa ser uma capital. O número de carros aumentou muito, assim como o de motos, de bicicletas, etc. As pessoas não administram mais o tempo como antes. A conveniência se tornou a saída. Penso que não é o tamanho da loja o que interessa, mas a sua localização. É claro que o conteúdo desse ponto de venda também é importante. Muitas vezes, o comerciante acha que por ser menor, ele deve oferecer um mix sem atrativos, mas talvez não seja isso. Ele deve saber fazer o seu sortimento, dentro do seu tamanho, aproveitando a proximidade com o cliente. A loja que estiver mais próxima e que atender à necessidade de quem compra terá sucesso em seu crescimento.
Para você, o formato vizinhança é um concorrente dos hipermercados?
Ao contrário. A concorrência, desde que crie uma cultura no cliente, soma para todos. É melhor ter vários operando com eficiência, para tornar o setor mais forte. Não é concorrendo entre si que as lojas do varejo crescerão, mas, isto sim, é trazendo clientes para as lojas. O mais importante é não perdermos clientes para outros setores. Se o food service está crescendo, aí sim, temos de nos preocupar, pois estamos perdendo clientes que compravam dentro das nossas lojas. Para combater essa tendência, temos colocado mais serviços à disposição do cliente por meio da oferta de refeições prontas, delivery, etc. O varejo supermercadista faz com que o cliente venha para a loja por meio de mecanismos para estimular o consumo. A nossa missão é fazer com que o cliente seja bem servido para não perdê-lo para outros setores e canais.
Veículo: Site NewTrade