Após ter registrado em 2012 o pior desempenho em volume vendido nos supermercados nos últimos cinco anos, o setor registrou uma retomada no ritmo em 2013, informou ontem a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Com isso, as lojas voltaram a alcançar uma quantidade de itens vendidos um pouco acima do apurado três anos atrás, em 2011. A base de comparação fraca ajuda a explicar o resultado. Não é algo para se celebrar, mas o cenário abre espaço para uma recuperação maior no volume em 2014 - o melhor termômetro da demanda doméstica.
Em 2013, o repique inflacionário na primeira metade do ano atrapalhou o mercado, mas a isenção de impostos federais da cesta básica deu novo fôlego, levando à expansão de 0,8% no volume vendido sobre 2012, relata a Abras, em pesquisa com a Nielsen. Em 2012, houve queda de 0,3% na quantidade vendida, o pior número da série, iniciada em 2009. Nos anos anteriores, o volume subiu mais: 3,2% (2009), 6,7% (2010) e 1,8% (2011).
"Não é uma taxa [alta de 0,8%] para se comemorar, mas não é algo tão fraco. O setor de varejo vem crescendo continuamente desde 2008. Há dois, três anos chegamos a crescer 6%, 7%. Esse número de 2013 é algo positivo diante de cenário adverso", disse o gerente de atendimento da Nielsen, Fábio Gomes. "Temos que considerar que em 2013, o mercado de bebidas desacelerou. Se excluíssemos esse setor, a alta seria maior", afirmou Sussumu Honda, presidente do conselho consultivo da associação.
Com a tímida alta no volume, a lucratividade pode ser alcançada por meio de alta nos preços (que amplia receita líquida e melhora os balanços), pelo corte de despesas e por ganhos de eficiência.
Nielsen e Abras não tem previsão de crescimento para o volume vendido em 2014. "Deve ser maior que 1%, mas ainda não dá para cravar um porcentual", disse Gomes.
Em relação às vendas reais dos supermercados, a entidade prevê perda no ritmo de expansão em 2014, com estimativa de alta de 3% neste ano. No ano passado foi apurada elevação de 5,36% nas vendas reais (deflacionada pelo IPCA). Ou seja, a venda real cresceu mais de 5% e o volume subiu 0,8% em 2013. As duas pesquisas, de venda em valor e volume, têm fontes de dados diferentes (a Abras ouve seus associados para chegar ao faturamento e a Nielsen apura o volume nas lojas). Além disso, a discrepância nas taxas também pode ocorrer quando o consumidor compra itens de preço maior.
A pesquisa da Nielsen confirmou que os supermercados de pequeno porte, com um a quatro caixas, tiveram melhor desempenho em 2013, com alta de 3,1% no volume vendido. Lojas com cinco a nove caixas tiveram aumento de 2%. Nos hipermercados, com 20 ou mais caixas, houve queda de 2,6%, o pior desempenho. "As vendas dos hipermercados caem há cinco ou seis anos como reflexo da mudança de comportamento de compra do cliente", afirmou Gomes.
Veículo: Valor Econômico