Volume menor de vendas faz indústria e supermercados brigarem por preço

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Após contabilizar aumento de apenas 0,5% no volume comercializado no primeiro semestre, redes tentam conquistar e fidelizar o consumidor com a ajuda também dos fornecedores




Atibaia - Ampliar a conversa com a indústria, investir cada vez mais em prevenção de perdas no ponto de venda e adotar o maior número de promoções. São estas as formas encontradas pelos supermercadistas para ter mais rentabilidade. Principalmente neste ano, de retração do consumo.

"O cliente é muito sensível à precificação. Quando encontra um produto no qual percebe que terá alguma vantagem, ele compra. Dados comprovam que na maioria das vezes ele chega a gastar mais quando se depara com preços mais baixos", disse a diretora de expert solutions do Kantar Worldpanel, Christine Pereira.

Segundo a especialista, um dos fatores que têm levado o consumidor brasileiro a procurar vantagens na hora da compra é a racionalização. Ou seja, fazer com que os gastos versus a vontade de manter o patamar adquirido anteriormente seja mantida. "Eles conquistaram muitas coisas de cinco anos para cá. Ao invés de deixar de comprar aquilo que gostam, eles vão atrás de promoções ou diminuem a frequência da compra de determinada categoria", explicou ela.

Visitas

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em parceria com a Kantar Worldpanel e a Nielsen, apresentou uma pesquisa ontem, na convenção promovida pela entidade em Atibaia (SP). As informações indicam mudanças no comportamento dos consumidores brasileiros. "Quando eles tinham um poder aquisitivo maior, costumavam frequentar mais vezes os supermercados", argumentou o diretor de atendimento da Nielsen, Olegário da Cruz de Araújo.

Segundo o diretor, foi identificado que no primeiro semestre deste ano o consumidor brasileiro tem ido seis vezes menos ao supermercado ao mês. "A frequência caiu, mas o consumidor tem gasto, em média, 20% a mais", explicou Christine Pereira.

Frequência das compras

A pesquisa apurada pelas entidades aponta também que a classe C foi a que mais reduziu a frequência das compras. Tem ido, em média, seis vezes menos aos pontos de venda. Em 2013, a frequência mensal era de dez vezes nas lojas do setor. Na sequência aparecem as classes D e E, também com menos cinco idas aos pontos de venda. A classe A tem ido três vezes ao varejo alimentar, na base de comparação.

Ainda conforme os indicadores, o volume de vendas no setor apresentou alta de 0,5% no primeiro semestre - o pior índice dos últimos cinco anos.

Ainda segundo informações da Nielsen, outras mudanças no patamar de consumo foram identificadas: o tamanho da embalagem, a migração para marcas mais baratas e até o corte na compra de algumas categorias. São essas as iniciativas do consumidor para manter um padrão de gastos.

Negociação

Para o presidente da Abras, Fernando Yamada, uma das estratégias que ajudam os supermercadistas a manter o otimismo frente a um cenário de retração é o maior entendimento entre o varejo e a indústria. "Os fornecedores estão entendendo o quão sensíveis os consumidores são em relação à precificação. Ao invés de repassarem com tanta frequência seus custos, eles estão pensando em soluções para fidelizá-los", explicou.

O executivo, que é proprietário da rede de supermercados homônima no norte do País, afirmou que embalagens diferenciadas - com maior ou menor quantidade de produto -, ações de promotores no ponto de venda e informações específicas sobre o que está sendo vendido têm dado certo na parceria entre as partes.

"O conceito de saudabilidade foi incorporado pelo consumidor brasileiro. As indústrias que descobriram e empregaram isso têm conseguido manter, e até mesmo ampliar as vendas", disse o empresário.

Para 2015 a Associação Brasileira de Supermercados estima recuperação de até 2,5%.




Veículo: DCI


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