Aumento real no ano passado foi o menor desde 2006, quando houve uma retração de 1,59%, aponta a Abras
As vendas dos supermercados tiveram em 2014 a menor taxa de crescimento em oito anos. De janeiro a dezembro, o faturamento real do setor apresentou aumento real de 2,24%, já descontada a inflação do período medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2013, o setor havia registrado aumento real de 5,3% ante as vendas de 2012.
De acordo com balanço divulgdo ontem pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), esta foi a menor alta desde 2006, quando as vendas do setor experimentaram retração de 1,59%. Em dezembro, as vendas reais do setor foram 2,94% maiores que as do mesmo mês de 2013.
O desempenho geral das vendas em 2014 ficou abaixo dos 3% de expansão real que a Abras chegou a prever no início do ano. Mas superou a revisão desta projeção, feita meses depois pela entidade, que a havia rebaixado para 1,9% a expectativa de crescimento.
"O resultado de 2,24% surpreendeu positivamente porque ficou acima das nossas estimativas divulgadas em agosto, de 1,9% de aumento real", disse o presidente da Abras, Fernando Yamada.
O empresário disse que a manutenção dos níveis de emprego no país ao longo de 2014 foi fator determinante para o desempenho do setor, que ficou bem acima da evolução do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar do ajuste fiscal em curso neste início de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, a expectativa da Abras é de que as taxas de desemprego continuem baixas, garantido um "consumo ativo" ao longo de 2015.
"Por isso, nossa expectativa inicial é de um crescimento de 2% no faturamento real do setor em 2015", disse Yamada, reconhecendo que este será um ano ainda pior que 2014.
O dirigente afirmou estar preocupado com as interrupções de prevenção no sistema de distribuição de energia elétrica. Segundo ele, o Brasil tem capacidade para produzir energia para o país inteiro, mas que é necessário investir forte na infraestrutura do sistema para que ele funcione. O presidente da Abras lembrou que o setor gasta cerca de 1,5% do faturamento com os custos energéticos, valor que pode subir até 1,7% caso haja racionamento.
De acordo com o gerente de atendimento da Nielsen, Fábio Gomes, os produtos que possuem diferenciais para o consumidor devem apresentar uma resistência maior à piora do ambiente econômico. "O consumidor ganhou um poder de compra nos últimos anos que ele não está disposto a perder. Quando as pressões inflacionárias o obrigam a cortar alguma coisa, ele prefere continuar comprando alimentos diferenciados no mercado e reduzir o consumo fora de casa", explicou. Yamada advertiu que os números estão em análise e podem ser revisados ainda no primeiro semestre.
Cesta - Em 2014, o índice Abrasmercado, cesta de 35 produtos de largo consumo, registrou um aumento de preços de 5,76%. No período, a inflação calculada pelo IPCA, ficou em 6,41%. No mês de dezembro, o indicador apresentou uma alta 0,76%, para R$ 381,12, ante uma expectativa de cerca de 1% da Abras. A pesquisa foi realizada pela GfK, a pedido da entidade.
Segundo o diretor de relacionamento da GfK, Marco Aurélio, o aumento dos preços da cesta foi pressionado, principalmente, pelo impacto da falta de água em algumas regiões e pela sazonalidade das festas do fim do ano. As maiores altas foram a da batata e da cebola, afetadas pela seca, que subiram 12,27% e 5,12%, respectivamente. O preço do feijão, por sua vez, sofreu uma alta de 8,93% no período, após um momento de queda brusca.
A região Sudeste foi a que apresentou a maior alta, de 2,16%, atingindo o valor R$ 368,57. Já a região Norte registrou a maior queda, de 1,07%. "Se não fosse pelo impacto no Sudeste, com certeza poderíamos ter um ano mais estável na questão dos preços", afirmou Aurélio. (AG/AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG