Dois indicadores de atividade revelaram um resultado positivo em janeiro. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) registrou alta de 6,2% no Índice do Nível de Atividade (INA) na comparação com dezembro de 2008, na série com ajuste sazonal. As vendas do setor supermercadista, também em janeiro, cresceram 6,54%, em relação ao mesmo mês de 2008, de acordo com o Índice Nacional de Vendas, divulgado mensalmente pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em comparação com dezembro de 2008, porém, houve queda de 22,96%, uma vez que o período, por conta das festas de fim de ano, impulsiona o faturamento.
A Fiesp não comemorou o resultado de janeiro porque a melhora se deu na comparação com o último trimestre de 2008, quando a produção diminuiu 20%. "Em um curtíssimo espaço de praticamente dois meses, a indústria paulista devolveu tudo o que ganhou nos últimos dois anos", ponderou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. No confronto com janeiro de 2008, o dado é negativo - queda de 15,7% frente ao mesmo mês do ano passado.
"Os dados mostram que voltamos ao patamar de atividade apresentado no segundo semestre de 2006", completou Francini. Segundo ele, se a indústria paulista quiser empatar os resultados de 2009 com os de 2008, ela precisa crescer a uma média de 2,1% em todos os meses do ano, nos dados dessazonalizados. "Para somente empatarmos com o ano passado, nossa indústria terá uma tarefa muito árdua pela frente", afirmou o diretor.
Para o setor de supermercados, contudo, o resultado foi considerado bom. "A queda nas vendas em relação a dezembro é normal, pois o último mês do ano é o período de maior venda dos supermercados. Além disso, janeiro é um mês propício para ofertas e liquidações. A boa notícia é que mantivemos o crescimento em relação a janeiro de 2008. Isso porque o rendimento médio do trabalhador manteve a trajetória de alta. Os reflexos da crise ainda não chegaram à mesa dos brasileiros", avaliou o presidente da Abras, Sussumu Honda.
Na análise setorial da Fiesp, metalurgia básica foi o setor de pior desempenho no primeiro mês do ano. O INA desse segmento, sem ajuste sazonal, marcou recuo de 38,7% frente a janeiro de 2008. Com relação a dezembro do ano passado, a queda foi de 8,1%, sem ajuste, e de 6,2%, considerando as variações sazonais. "Há setores que estão apanhando mais agora, mas a verdade é que a crise vai bater em todos, mais cedo ou mais tarde", afirmou Francini.
Ele explicou que, diante desse cenário de retração, a sensação é que os efeitos da crise não cessaram e devem piorar. O Sensor Fiesp, indicador que mostra a percepção dos agentes da indústria sobre o período corrente, registrou 42,3 pontos na segunda quinzena de fevereiro frente à primeira, o que significa que as expectativas permanecem negativas.
Veículo: Valor Econômico