Wagner Hilário, de Brasília
Um dos painéis do evento, realizado no dia 28, reuniu presidentes de quatro associações ligadas à União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços (Unecs). Além do presidente da CNDL, Honório Pinheiro, entidade que também integra a união e anfitriã do evento, participaram os presidentes da Abras, Fernando Yamada, que também coordena a Unecs, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, e da Associação Brasileira de Distribuidores e Atacadistas (Abad), José do Egito.
"Há 40 anos, as sete entidades, que formam a Unecs, vinham à Brasília e falavam as mesmas coisas, faziam as mesmas reinvindicações, mas separadamente. Por isso, resolvemos nos unir e, de forma humilde e propositiva, defender nossas ideias em âmbito congressual. Por meio da Frente Parlamentar [Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo], que congrega 250 deputados federais e 25 senadores, hoje, como jamais em outro momento, o setor tem voz no Congresso", disse Yamada.
Com inteligência
Com uma plateia bastante inflamada contra a proposta de ajuste fiscal do governo, sobretudo, a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Manifestação Financeira), os presidentes falaram sobre como o setor, por meio da Unecs e a Frente Parlamentar, está se posicionando em relação à proposta de ajuste fiscal enviada pelo executivo ao Congresso. "Somos contra o aumento de impostos. Não suportamos mais pagarmos impostos e o governo gastar mal. Porém, não temos apenas de ser contra, temos de ser propositivos e ajudar o País a sair da situação em que se encontra", disse o Pinheiro.
"Na política", continuou Yamada, "nenhum pleito é atendido sem contrapartida, sem propostas, e precisamos entender isso, agindo com inteligência. O País vive um momento difícil e precisa se equilibrar do ponto de vista fiscal. Se for por meio do aumento da arrecadação, com o que não concordamos, porque onerará o setor produtivo, precisamos, pelo menos, que o governo nos dê uma contrapartida; é legítimo. Questões como as reformas trabalhista e tributária, nesse caso, devem entrar nas conversas."
Reformas
Durante o painel, todos foram unânimes em destacar a necessidade de o governo reduzir seus custos e trabalhar de forma mais eficiente. "O País tem um problema urgente para resolver: o ajuste é essencial e precisa ser feito, logo, embora tenhamos ressalvas a ele. Porém, não podemos mais nos limitar a discutir medidas de curto prazo, temos de resolver nosso problema previdenciário, trabalhista e tributário, para criarmos condições de crescimento duradouro e sustentável. Por exemplo, nossa lei trabalhista é ultrapassada e não contempla inúmeras atividades contemporâneas de trabalho, a maioria delas ligadas ao nosso setor, já que a lei foi criada [há décadas] para profissionais, predominantemente, da indústria", explicou Solmucci.
Egito falou da reforma tributária e do esforço que a Unecs tem empenhado para convencer, não apenas parlamentares e profissionais do executivo federal, mas também das esferas estaduais e municipais, sobre a necessidade de simplificação tributária e do ganho que essa medida traria à nossa economia. "Estamos conversando com o máximo de agentes federativos", disse Egito.
Yamada reforçou a necessidade de a atuação política do setor, de fato, não se limitar à esfera federal, dizendo que os empresários devem marcar presença às plenárias das câmaras de vereadores e deputados estaduais, bem como à do Congresso federal. "Os sindicatos de trabalhadores fazem isso muito bem, participam da política. Hoje, com a Frente Parlamentar, nós não precisamos transformar empresários em políticos; precisamos, sim, que nossos empresários marquem presença às plenárias, municipais, estaduais e federais, para defender seus pontos de vista e apoiar os parlamentares que compartilham da mesma visão", completou Yamada.
*Wagner Hilário é subeditor da revista SuperHiper, publicação da ABRAS