Pesquisa destaca 14 produtos com força local

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Não há maranhense que não conheça a história do Guaraná Jesus. Ela é contada e repetida desde 1927, quando o farmacêutico Jesus Norberto Gomes tentou fazer um remédio que não deu certo. Os netos beberam e gostaram do xarope.

De lá para cá, o negócio prosperou e chamou atenção até da gigante Coca-Cola, sua dona desde 2001. O refrigerante tem larga penetração no Estado de origem, mas em São Paulo, Belo Horizonte ou Brasília ainda é artigo difícil de ser encontrado e pouco conhecido.

O Guaraná Jesus é só uma das tantas marcas que aparecem entre as mais queridas e vendidas, mas só em alguns Estados do Brasil.
A proximidade dos consumidores é uma das razões de sucesso. Gera identidade cultural, tradição e encurta distâncias e valores de transporte em um país continental.
O Top of Mind detectou empresas que são mais citadas e têm percepção de marca ("awareness") maior em algumas regiões se comparadas a seu resultado nacional.
Produtos que nunca entraram no carrinho de um paulistano são os mais lembrados por paraenses, como a margarina Margarett.
O meio digital também revolucionou a propaganda regional.

"Na rede social, não tem diferença entre pessoa e marca. Ela fala, brinca, conta casos. As pessoas se sentem mais próximas", afirma Marcos Bedendo, professor de marketing e branding da ESPM.

REGIÃO SUL

Cores para todos
Vermelho colorado ou azul tricolor? Uma das maiores rivalidades do futebol ganhou tons mais amenos na PPG Tintas Renner. A marca líder de vendas no Sul do país oferece as duas cores para os torcedores de Internacional e Grêmio entre suas mais de 2.000 tonalidades.

Fundada em 1927, em Gravataí (RS), Tintas Renner tiveram seus direitos de uso licenciados pela multinacional norte-americana PPG, em 2007. Com mais de 90 lojas, a marca busca aprimorar a experiência de compra do consumidor. Um dos atrativos é um equipamento que permite "scannear" qualquer cor e apontar a mais próxima no leque da ofertas da marca.

Leite direto do produtor
Nascida em Treze Tílias (SC), com pouco mais de 7.000 habitantes e maior colônia austríaca do país, Tirol industrializa mais de 2 milhões de litros de leite diariamente e tem o achocolato mais consumida nos três Estados do Sul.

A empresa compra direto do produtor. São mais de 9 mil famílias. A crise na economia não atingiu a companhia. "Nosso faturamento vai crescer mais de 10% neste ano", afirma o diretor de mercado Edson Martins.

REGIÃO NORTE

Supermercado top 20 no país
O Grupo Y.Yamada continua a ser uma das marcas mais lembradas na região Norte e ocupa a 19ª posição no ranking da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) dos maiores supermercadistas do país em 2015 - no ano anterior, era 14º.

O supermercado atingiu faturamento anual de R$ 1,74 bilhão, de acordo com a associação.
O sobrenome de origem japonesa ocupa a cadeira mais importante da Abras. Fernando Yamada, CEO do grupo paraense, é também presidente reeleito da entidade.

Com 35 lojas no Pará e uma no Amapá, o grupo foi fundada em 1950 pelos imigrantes japoneses Yoshio Yamada, sua mulher, Aki, e seu filho Junichiro. A primeira loja foi inaugurada em 1955.
A empresa foi pioneira na implantação do sistema de crediário no Pará, com um detalhe: não há necessidade de comprovação de renda para obter crédito.

Cerveja com DNA do Pará

Cerpa (Cervejaria Paraense) completa 50 anos em 2016. A empresa foi fundada pelo alemão Konrad Karl Seibel, que encontrou nos rios da Amazônia as condições ideais de pureza da água para fabricação de seu produto.

A fábrica, às margens da Baía do Guajará, em Belém (PA), importou técnicas de produção da Europa. Em 1966, já utilizava o processo Draft Beer - nele, a cerveja não passa pelo sistema de pasteurização e escoa por
filtros de celulose e descarga térmica.

No portfólio, a empresa tem as cervejas Gold, Nova Draft e Cerpa Export, além da Tijuca, inspirada no Rio, e a Prime. Apresenta ainda o refrigerante Cerpa e o Amazon Power, energético de açaí com guaraná. Em 2015, a modelo Renata Molinaro estrelou a campanha da Cerpa Gold, com o slogan "Tá suave".

Em casa e no restaurante
Com 20 anos de mercado, a margarina Margarett se espalha pelos Estados do Pará e do Amapá, chegando a 10 mil pontos de venda.

Margarett é vendida tanto para o consumidor final, em potes de 250 g e 500 g, como no canal "food service" (bares, restaurantes, hotéis, padarias etc.), em embalagens de 3 kg. O balde de 15 kg agrada os comerciantes, que fracionam o produto em potes menores para o cliente final. Há mais de dez anos, a marca foi comprada pela Vigor, da JBS. Segundo a empresa, a principal concorrente na região é a margarina Primor, da Bunge.

A empresa acredita que o preço, mais acessível, foi um dos pontos que a fez enfrentar a crise sem grande dificuldade. O valor do pote de 500 g, pode sair até R$ 1 a menos do que marcas como Doriana e Qualy, mas tem valor mais próximo ao da Primor.

Negócio que nasceu no Rio
Um dos maiores grupos empresariais do Pará começou nas águas dos rios do Norte do país.

A história de Líder teve início nos anos 1940, com Jerônimo Rodrigues, que trabalhava como regatão, comerciante que percorre de barco as localidades ribeirinhas. Ele vendia mel e aguardente do Marajó até o Baixo Amazonas.
Nos anos 1960, com os filhos, fez parceria com o Moinho Liderança para produzir as cachaças Preta Velha e Rodrigues. A frota chegou a quatro barcos. Na década seguinte, a família comprou uma torrefação de café -Café Líder —e fundou os Armazéns Líder.

O primeiro supermercado foi inaugurado em 1975, em Belém. Atualmente, o grupo tem 18 supermercados no Pará, 14 lojas de departamento Magazan, 19 drogarias Farmalíder, o Castanheira Shopping Center, fazendas e marca de café, entre outros negócios.

Supermercado ligado às raízes
A crise não afetou os planos de expansão da rede DB no Norte. A empresa abriu sete novas lojas só neste ano - quatro em Manaus (AM) e três em Boa Vista (RR). Ao todo, são 26 unidades, entre supermercados e hipermercados. A expectativa é que o faturamento cresça 5%.

Em 34 anos, DB criou uma relação intensa com o povo e a economia do Amazonas. A empresa investe no desenvolvimento da produção local, como peixes, hortaliças e legumes. Atua também, ao lado de instituições governamentais, na cadeia do extrativismo local, como manejo de carne de jacaré.

"É uma marca que tem muita identidade e relação com o desenvolvimento e o crescimento da cidade e do Estado", diz Guto Corbett, gerente de marketing do Grupo DB.
Neste ano, fez promoção que distribuiu R$ 1 milhão em prêmios. O garoto-propaganda foi o ator Malvino Salvador. "É gente da terra, nascido em Manaus", diz Corbett.

Conectado ao consumidor
A rede varejista Bemol investe em tecnologia e soluções financeiras para atrair consumidores. Com 20 lojas físicas espalhadas por Amazonas, Rondônia e Acre, oferece wi-fi gratuito nas suas unidades.

Em setembro, modernizou o "call center" e a infraestruta de telefonia, que antes eram analógicos. Houve redução do tempo de espera dos clientes. O autoatendimento permite que o consumidor faça o agendamento da entrega e da montagem dos móveis sem precisar falar com um atendente. As dúvidas são respondidas por um sistema interativo. O atendimento pode ainda ser feito por redes sociais e Whatsapp.

Para parcelar as compras, a empresa tem um crediário próprio, com o Cartão Bemol, que é gratuito e sem anuidade.
A Bemol utiliza o slogan "Escolha com confiança" e foi fundada em 1942, pelos irmãos Samuel, Israel e Saul Benchimol.

REGIÃO CENTRO-OESTE

Funcionários e clientes VIPS
Fundada em Goiânia (GO), em 1956, a Novo Mundo é uma das maiores redes de varejo do Centro-Oeste. São 200 lojas em Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Pará, Amazonas, Roraima e no Distrito Federal, com planos de expansão para cinco Estados.

Para comemorar os 60 anos, em abril, a empresa fez campanha na internet e ofereceu 60 produtos com preços promocionais no e-commerce da companhia.
O site também está de olho na qualidade de vida dos funcionários. Os colaboradores têm área para exercícios físicos, biblioteca, salas de jogos, espreguiçadeiras para descanso e até um escorregador. Em 2015, seu e-commerce foi eleito um dos melhores lugares para se trabalhar ("Great Place to Work") na categoria Centro-Oeste.

Mais sorvete contra a crise
A crise esfriou os negócios na goiana Creme Mel, maior fabricante de sorvete genuinamente brasileira e terceira do país. "Nossas vendas caíram 5% no primeiro semestre", diz Antonio Benedito dos Santos, presidente e fundador. Mesmo assim, a empresa, que nasceu em 1987, lançou novidades, como sorvete inspirado nas festas juninas, de tapioca, milho verde e paçoca, e picolé de mexerica, sem gorduras e lactose. "Lançamos novos e tiramos os que vendiam menos. É um jogo de cintura", diz Santos.

REGIÃO SUDESTE

Conversa direta e afiada
"Pra todo mundo, pra tudo, pra sempre, pra você". Com este slogan, as Lojas CEM têm "conversado" com os clientes. "É uma empresa sólida, sustentável, que está ao lado das pessoas em todos os momentos da vida. Com sol ou com chuva, com crise ou sem crise", diz Maurício Gardenal, gerente de propaganda das Lojas CEM. A TV é ponto importante da estratégia da varejista, que tem 188 das 240 lojas no Estado de São Paulo. A companhia tem um centro de distribuição, em Salto (SP).

REGIÃO NORDESTE

Fusão com gigante
A força da Insinuante no Nordeste não foi suficiente para garantir a permanência da bandeira na região. A Máquina de Vendas, terceira maior rede de varejo de eletroeletrônicos do país, começou a unificar suas marcas. As 240 unidades da Insinuante estão ganhando a logomarca de Ricardo Eletro na fachada.

"É um tempo de convivência. Não definimos quando a marca Insinuante deixa de existir", afirma Sonia Trindade, diretora de marketing da Ricardo Eletro.
Para anunciar a estratégia, foi feita a campanha "Juntos, fazendo tudo pelo preço", com Ricardo Nunes, CEO do grupo e fundador da Ricardo Eletro, como garoto-propaganda. A ação foi lançada no "Domingão do Faustão" (Globo).
Insinuante começou em Vitória da Conquista (BA), em 1959, como loja de calçados femininos. Nos anos 1970, passou a vender eletrodomésticos e expandiu o negócio.

Mineira nordestina

Aos 81 anos, a mineira Embaré tem mostrado disposição e criatividade para enfrentar diversas crises ao longo de décadas.

Com fábrica em Lagoa da Prata (MG), a produtora da marca de laticínios Camponesa registrou crescimento no primeiro semestre do ano, com alta de 19% no faturamento comparado ao mesmo período do ano passado. Em 2015, chegou a R$ 1,22 bilhão. Agora deve alcançar R$ 1,45 bilhão.
Apesar da origem mineira, é o mercado do Nordeste que alavanca o resultado. A Camponesa teve maior citação nessa região na categoria Leite. Só o Estado de Pernambuco representa 23% do mercado da companhia.
"Com a crise, investimos em promoções. O bloco que vai do litoral de Sergipe ao Rio Grande do Norte puxou o crescimento", diz Hamilton Antunes, presidente da Embaré.

Força do São João

Bompreço tentou resolver uma das maiores pelejas do país: quem tem o maior e melhor São João do Brasil? Campina Grande (PB) ou Caruaru (PE)? A empresa do grupo Walmart chamou os repentistas Caju & Castanha para um duelo de embolada na internet. Criada pela DM9DDB, a disputa usou o Live do Facebook.

Caju ficou no Hiper Bompreço, em Campina Grande; Castanha, em Caruaru. Foram mais de 2 milhões de visualizações. Segundo o Walmart, deu empate. "Decidimos mostrar a festa mais popular da região de uma forma lúdica e inovadora", diz Andre Svartman, diretor de marketing do Walmart Brasil.
Para atender às preferências dos nordestinos, Bompreço modificou as lojas. "No Sudeste, temos área para vinhos, no Nordeste, área para os uísques."

Fonte: Folha de São Paulo


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