A recuperação da economia brasileira será mais lenta do que o previsto, na avaliação de economistas que participaram, nessa quinta-feira (10/11), da 50ª Convenção Nacional da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, prevê um recuo de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, acima dos 3,31% estrimados pelo mercado, e crescimento de 0,5% em 2017 — abaixo da projeção de 1,2% feita pelos analistas consultados pelo Banco Central (BC). Com menos demanda e renda, e desemprego elevado, disse Kawall, o comércio demandará menos da indústria, que reduzirá gastos com serviços. “Há uma desalavancagem forte entre as empresas, que precisam se adequar ao longo do tempo. E isso torna a recuperação dos investimentos mais lenta e morosa”, avaliou.
Para Kawall, o desemprego continuará subindo, passando de 11,8% no terceiro trimestre deste ano para 13% em 2017, o dobro do observado em 2014. De acordo com o economista, a legislação trabalhista explica parte do problema. “Ela é custosa e funciona muito mal na crise. Como têm pouquíssima flexibilidade para reduzir salários e jornada de trabalho, as empresas se tornam máquinas de produzir desemprego”, avaliou. O diretor sênior e gerente Analítico de Ratings Corporativos da Standard & Poors (S&P) na América Latina, Luciano Gremore, afirmou que “há uma melhora da confiança empresarial e um aumento da produção industrial, mas ainda é cedo para considerar uma retomada”.