A definição de qualidade e sua utilização ocorre em situações e compreensões muito distintas ao longo da cadeia de suprimento. Neste cenário, o entendimento dos fluxos de forma sistêmica e integrada demanda um esforço continuo de alinhamento entre os processos internos dos agentes e entre os agentes que se relacionam de forma interdependente para gerar valor ao negócio e à sociedade. A ABRAS, desde o ano de 2010, juntamente com o parceiro tecnológico PariPassu, estudou, modelou, aplicou e validou o conceito do programa de rastreabilidade e monitoramento de alimentos, o RAMA.
O Programa RAMA foi elaborado para um processo de adesão voluntária das associações estaduais associadas à ABRAS e os produtores e distribuidores de alimentos perecíveis. Três princípios básicos foram considerados para a efetividade do RAMA:
1. Colaborar com a iniciativa pública e privada para uma solução consistente de desenvolvimento da cadeia de suprimento através de uma visão sistêmica;
2. Desenvolver e disponibilizar tecnologia em um modelo compartilhado de informação viável a pequenos, médios e grandes produtores, distribuidores e supermercados e;
3. Criar uma estrutura de investimento acessível a pequenos, médios e grandes produtores, distribuidores e supermercados.
O objetivo do Programa RAMA é tornar-se parte integrante do esforço destinado a melhoria da produtividade e da qualidade dos alimentos colocados à disposição da população brasileira através das redes de Supermercados relacionadas à ABRAS, bem como proporcionar à cadeia produtiva brasileira de alimentos, condições de se adequar, a demanda técnica, sanitária, automação logística e às regras do comércio nacional e internacional de alimentos, preconizadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), ANVISA, MAPA, FAO, OIE e WHO.
As principais linhas de ação do Programa RAMA são:
• Atender a demanda por uma correta identificação das origens dos alimentos oriundos da produção vegetal, contribuindo para aprimorar a qualidade dos produtos comercializados;
• Fornecer às partes que aderirem ao Programa RAMA, acesso a informação acerca de produtos e resultados de análises para melhores decisões de abastecimento de alimentos;
• Desenvolvimento colaborativo da cadeia produtiva dos alimentos, através do rastreamento e do monitoramento de resíduos de agentes contaminantes, buscando uma maior precisão na identificação da origem dos problemas;
• Incentivar a adoção de padrões globais GS1 para a automação logística e comunicação sistêmica estruturada da cadeia de suprimento.
A atenção à qualidade, independente qual a definição estratégica da empresa, é um esforço das organizações, dentro de um ambiente complexo e competitivo, para a construção de uma relação de lealdade entre os pares e o consumidor final do produto.
Vale ressaltar a importância crescente do FLV na participação do faturamento e do resultado das redes de supermercados. Segundo a ABRAS, ranking 2016, o Setor de Hortifrutigranjeiros, respondeu por 9,3% do faturamento, o que significou R$ 29,5 bilhões de faturamento anual. Outra informação importante, é que, para as redes de supermercado onde a participação do FLV chega a 15% do faturamento o impacto positivo - a mais - no lucro líquido é de cerca de 40% positivo. É um incremento consistente e considerável que justifica ao ecossistema FLV investir em eficiência.
O Carrefour é uma rede internacional de hipermercados, fundado na França, em 1960. No Brasil possui cerca de 160 lojas, presente em 14 estados brasileiros. No ano de 2014, a companhia, a partir de uma decisão estratégica junto a área de qualidade, confirmou sua adesão ao Programa RAMA, passando assim a compor um importante agente junto ao RAMA e a lógica de Cobertura Coletiva preconizada em sua política.
A Cobertura Coletiva é o princípio de alavancagem da participação coletiva proposto pelo Programa RAMA, pelo qual, através da contribuição individual de cada participante, o grupo aderente ao RAMA tem o benefício de acessar informações e padrões, sem incorrer em aumento do custo operacional para os envolvidos.
Desde o início da sua participação, o Carrefour teve uma evolução rápida e consistente referente a rastreabilidade, o monitoramento dos alimentos e a inspeção de qualidade associado a rastreabilidade.
Até final do primeiro semestre de 2016, a adesão ao sistema de rastreabilidade foi de 67%, com um volume total 7.2 mil toneladas rastreadas entregues nos centros de distribuição da empresa. Dentro da classificação dos segmentos de produtos do Carrefour a cobertura da rastreabilidade, em julho 2016, finalizou com os seguintes resultados:
- Marca Garantia de Origem: 100% rastreado
- Marca Própria: 95% rastreado
- Marca Nacional: 60% rastreado
O objetivo é até o final de dezembro de 2016, atingir o resultado de 80% do volume nacional de Frutas, Legumes e Verduras.
Com o engajamento das áreas de Qualidade, Comercial e Logística a etapa seguinte definida com ao Carrefour foi a automação da Inspeção de Qualidade associada ao código de rastreabilidade e a adoção do padrão GS1-128, base do Programa RAMA para identificação de caixas e pallets.
Na visão sistêmica da cadeia de suprimento, a adoção do padrão GS1-128 para identificação como uma das funcionalidades do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos da Associação Brasileira de Supermercados, permite:
• Assegurar um padrão único de layout para identificação do produto no recebimento das plataformas;
• Garantir a correta leitura da informação do fornecedor, produto, quantidade e da origem declarada no Sistema Rastreador PariPassu;
• Inspecionar a qualidade do produto utilizando o coletor e a leitura do código padrão, associado às fichas técnicas pré-definidas pelo Carrefour, com a informação da origem e do fornecedor;
• Comunicar os agentes envolvidos para qualquer identificação de problema, de forma automática, em tempo real e garantindo a transparência das relações com evidência acessível as partes envolvidas.
Os pontos acima mencionados viabilizam ações corretivas num custo mínimo e também a possibilidade de se conectar com o consumidor final para estimular uma relação interativa de colaboração para a co-criação de melhorias.
Em estudo realizado pela Hartman Group (Transparency: Establising Trust with Consumers, 2015), dentre as tendências de consumo identificadas, o consumidor espera que as companhias compartilhem abertamente as suas práticas com o público. Os entrevistados da pesquisam responderam que desejam saber:
• O que é o produto que estão comprando;
• Onde e como o produto é manufaturado;
• Como a companhia pode garantir o bem-estar dos funcionários, ambiente e animais utilizados.
O Programa RAMA, o Carrefour, a utilização das soluções PariPassu e dos padrões globais GS1 estimulam o engajamento da cadeia na busca de relações eficientes, entregando ao consumidor o direito de escolha, considerando variáveis como preço, conveniência, experiência, conhecimento, transparência e autenticidade. Em ordem crescente, do preço à autenticidade, o caminho da alimentação consciente aumenta.
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Fonte: GS1 Brasil