O aumento dos tributos sobre o diesel deverá refletir em elevação de preços para o consumidor, segundo associações do setor de transportes e de distribuição, que criticou a medida nesta sexta (21).
Em nota, Clésio Andrade, presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), diz que o aumento de impostos sobre o diesel terá um impacto de 2,5% sobre o preço do transporte de cargas. Como consequência, afirma, haverá aumento de preços de alimentos e de outros produtos.
A ABComm, do setor de comércio eletrônico, afirmou que o reajuste dos combustíveis levará a aumento nos preços e inflação em toda cadeia produtiva brasileira, incluindo a do comércio eletrônico, em razão do aumento de custos dos frete das encomendas expressas.
Em nota, João Sanzovo, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), afirmou que o aumento no valor dos combustíveis terá reflexo em toda a cadeia de abastecimento e irá penalizar todos os setores da sociedade.
Maior alta em 13 anos
Os postos de gasolina começaram a receber, nesta sexta (21), combustíveis já com as novas alíquotas de PIS/Cofins anunciadas na quinta (20). Se houver o repasse integral do aumento, a gasolina subirá, em média, 11,7%, a maior alta pelo menos desde 2004, início da série histórica semanal de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Levantamento feito pelo presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes de São Paulo), José Alberto Paiva Gouveia, mostra que as distribuidoras aumentaram os preços da gasolina em R$ 0,4075 por litro, praticamente o mesmo valor anunciado pelo governo (R$ 0,41).
"Não me lembro de outra ocasião em que subiu tanto de uma só vez. Com certeza, vai ter reflexos nas vendas, porque o consumidor não tem mais de onde tirar dinheiro."
De acordo a ANP, a única vez, desde 2001, em que a gasolina subiu mais do que isso foi em novembro de 2002: alta de 12,3% nas bombas, ou R$ 0,55 a preços atuais. A estatística, porém, considera o preço mensal.
Gouveia diz que o diesel foi elevado em R$ 0,2297, e o etanol, em R$ 0,2082. A conta é resultado de comparação entre faturas emitidas nesta sexta com os preços de antes da mudança nos impostos.
Na quinta, o governo anunciou alta das alíquotas de PIS/Cofins sobre os três combustíveis com o objetivo de arrecadar R$ 10,4 bilhões e evitar aumento do deficit fiscal.Considerando o preço médio verificado pela ANP em postos na semana passada, de R$ 3,485 por litro, o repasse elevará o valor a R$ 3,895.
É o valor mais alto desde março de 2016, quando a gasolina custava R$ 3,909, em valores atualizados, segundo cálculo feito pelo CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) a pedido da reportagem.
A elevação dos impostos interrompe uma trajetória de queda dos preços nos postos que dura desde o início do ano, resultado de reduções promovidas pela Petrobras para tentar conter importações por empresas privadas.
Para especialistas, os preços da refinaria devem ser mantidos em baixa, uma vez que não há perspectivas de alto do petróleo e a Petrobras continua sofrendo concorrência com importados.
Fonte: Portal O Dia