"Se não fosse a queda da inflação a gente até poderia subir a estimativa de alta de 1,5% na receita do setor neste ano. Mas hoje considerando essa deflação, não sabemos nem se vamos atingir mesmo esse 1,5% no ano", disse ontem, João Sanzovo Nero, presidente da Associação Brasileira dos Supermercados, que semanas atrás considerou a hipótese de elevar a previsão de 1,5% para 1,8% de alta nas vendas neste ano.
A queda nos preços afeta a receita nominal, caso o volume vendido não compense essa retração.
Ontem, na abertura da convenção anual da Abras, empresas de pesquisas apresentaram dados de desempenho do setor. A Kantar identificou uma alta de 1,3% no volume de produtos de supermercados comprados pelos domicílios de janeiro a junho. A empresa prevê alta de 1,7% no ano. "Em 2015, tivemos uma queda de cerca de 7% no volume. Para 2016, houve alta de pouco mais de 2%, e, neste ano, subimos um pouco também, mas ainda não recuperamos toda a perda de 2015", disse Christiane Pereira, diretora da Kantar Worldpanel, Christiane Pereira.
A Nielsen verificou queda de 5,2% no volume vendidos de itens de supermercados de janeiro a junho. Em 2016, a queda foi de 5,7% e em 2015, de 1,2%.
A Abras ainda informou ontem que os supermercados do país tiveram perdas de R$ 7,1 bilhões em 2016 em razão de furtos ou erros, por exemplo. O resultado representa 2,1% do total faturado pelas redes no ano passado, um aumento de 0,14 ponto porcentual ante igual período do ano anterior.
Para o presidente da Abras, a alta foi provocada por um impacto de maior ocorrência de furtos, sobretudo de produtos como bebidas e itens de perfumaria. "Nós temos percebido que em períodos mais difíceis da economia, isso ocorre".
Os R$ 7 bilhões perdidos equivalem a pouco mais do que fatura a quinta maior rede de supermercados do Brasil, a Irmãos Muffato, que registrou R$ 5 bilhões em vendas em 2016.
Fonte: Valor Econômico