As vendas dos supermercados cresceram 1,25%, em termos reais, em 2017 ante 2016, informou ontem a Abras, entidade do setor. O índice ficou abaixo da estimativa de 1,5% para o ano. Para 2018, a associação dos supermercados prevê aumento real de 3%. A associação dos supermercados usa a inflação oficial (IPCA/IBGE) nos cálculos.
Com o resultado do ano passado, o setor conseguiu crescer dois anos seguidos. Em 2016, as vendas aumentaram 1,58%, depois de uma queda de quase 2% em 2015.
Os números de 2017 ficaram pouco abaixo do esperado porque a deflação nos alimentos superou a previsão da Abras. E a queda de preços não se transformou em expansão no volume vendido num ritmo que pudesse equilibrar a perda com a queda da inflação. Preços mais baixos geram aumento de renda disponível e maior consumo, mas isso não ocorre nas lojas de forma imediata.
Para 2018, há uma estimativa de maior estabilidade nos preços de itens da cesta básica, pois as safras tendem a ser menores. E ainda deve haver uma certa elevação da demanda em algumas categorias, com a melhora do cenário econômico. Esse cenário sustenta a previsão de alta de 3% no ano.
"Estamos num movimento de recuperação das perdas do consumidor, que foi abrindo mão de ganhos em categorias e marcas por conta da piora da crise. Neste momento, com a melhora do quadro econômico, os clientes passam a se sentir mais confiantes em voltar a consumir marcas que tinham tirado da lista de compras", disse Ana Szasz, consultora de varejo da Nielsen, parceira da Abras. A Nielsen já identificou uma retomada mais forte nas vendas de redes regionais de grande porte, em ritmo superior ao de líderes nacionais.
O país teve o melhor mês de dezembro desde 2007 em termos de saldo de emprego e o nível de confiança do consumidor avançou em janeiro pelo sexto mês seguido, segundo a Fundação Getúlio Vargas.
Em dezembro, as vendas dos supermercados registraram aumento real de 2,55%, em relação a dezembro de 2016, segundo a Abras. Com base em dados da Nielsen, o mercado de consumo no Brasil - considerando a venda de alimentos, bebidas, bazar e itens de higiene, beleza, limpeza e cigarros - fechou 2017, pelo terceiro ano consecutivo, com queda em volume comercializado e valor faturado. Isso refere-se a diferentes canais de venda, com visitas diárias a 1 milhão de pontos,incluindo, por exemplo, farmácias, bares, padarias e supermercados (não inclui atacado).
Até setembro, a queda na venda dessas categorias foi de 3,6% em valor (deflacionado) e de 4,6% em volume em relação a 2016, segundo a consultoria. A projeção para 2017 é de manutenção de taxas negativas, mas em índices melhores do que o apurado até setembro.
Para 2018, a consultoria não vê espaço para crescimento em todos os canais do varejo - com exceção, por exemplo, de supermercados. "Houve uma mudança de tendência especialmente a partir do segundo semestre de 2017, pois paramos de cair tanto", disse a consultora da Nielsen.
Fonte: Valor Econômico