Após 14 anos em São Paulo, a convenção da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) – que reúne representantes dos 200 maiores grupos do setor – está de volta ao Rio de Janeiro. O faturamento desse segmento no país avançou 4,3% em 2017, alcançando R$ 353,2 bilhões, segundo pesquisa da entidade, em parceria com a consultoria Nielsen, divulgada na manhã desta segunda-feira na abertura do evento no RioCentro, na Barra da Tijuca. No ano anterior, o crescimento fora de 0,8%.
— Foi um ano difícil, com recessão, crise econômica, desemprego e perda de renda, mas conseguimos registrar a criação de 20 mil novos empregos, crescimento de 0,4%. Também houve crescimento em faturamento, vendas. São números positivos, o setor representa 5,4% do PIB brasileiro. Tivemos deflação dos alimentos, mas já há aumento em volume de vendas. A previsão é de crescimento de 3% em 2018 — disse João Sanzovo Neto, presidente da Abras, acrescentando que as vendas tiveram alta de 2,7% em janeiro, se mantendo estáveis em fevereiro.
No ranking das maiores companhias de supermercados do país, as cinco top se mantiveram em suas posições: Carrefour, Grupo Pão de Açúcar, Walmart, Cencosud e Irmãos Muffato & Cia. A maior rede associativa de supermercados do Brasil é a carioca Supermarket. Outros grupos do Rio têm porte para entrar no ranking, mas não integram a lista por não participarem do processo de classificação.
A Abras 2018 acontece em paralelo à Super Rio Expofood, feira do segmento de supermercados realizada pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj).
— A Super Rio é a segunda maior feira do setor na América Latina. Nós respeitamos aqueles que desistiram, mas nós acreditamos no Rio e trouxemos de volta a Convenção da Abras à cidade após 14 anos. Apenas nos três dias do evento, serão R$ 15 milhões gerados para a cidade, ocupando três mil quartos de hotel e gerando oito mil empregos diretos e indiretos — destaca Fábio Queiroz, presidente da Asserj.
Um sinal positivo para 2018 é que o Índice de Confiança do Supermercadista vem crescendo, tendo chegado a 55,7 pontos em fevereiro, ante 51,7 em agosto de 2017 e 48,4 em junho do ano passado. A pesquisa mostra ainda que dois terços dos empresários (63%) esperam melhora do ambiente de negócios nos próximos seis meses. Em dezembro último, estava em 60%.
— A expetativa dos empresários é um forte indicador da melhora da economia, de que os investimentos voltarão. Isso representa melhora no emprego, em geração de renda, também puxado pelo melhora nas condições da economia em geral, com queda da taxa de juros e da inflação — diz Sanzovo Neto.
No Rio de Janeiro, contudo, o cenário ainda não é de recuperação como na média do mercado nacional. O estado bateu R$ 38,8 bilhões em faturamento em 2017, com 182,9 mil empregos estáveis, apesar do ano difícil. Em vendas, o resultado foi de recuo de 1% na comparação com o ano anterior. A previsão para este ano é fechar com estabilidade.
— Ainda estamos (o Rio de Janeiro) um pouco atrás, porque a máquina estatal ainda não nos proporcionou nos recuperarmos Na crise, estreitamos a parceria com a indústria para garantir promoções, abastecimento das gôndolas, mantendo as vendas. Havia previsão de recuo de 2% em vendas, já deflacionado, em 2017, mas, com essa estratégia, conseguimos ficar em menos 1% — destacou Queiroz.
Ele destaca que o setor sofre os efeitos da crise fiscal do estado, com atraso no pagamento de salários, o desemprego, além dos efeitos negativos da crise na segurança, que resulta em aumento de custos.
— O roubo de carga impactou o resultado dos supermercados em 2017. Houve fornecedores que se recusam a entregar no Rio e, por isso, e também pelos roubos houve falta de produtos nas gôndolas. Em 2018, esperamos um cenário melhor. Os indicadores em nível nacional apresentam melhora e no Rio também. O momento atual é de virada. Já batemos no fundo do poço. Já há sinais de que vamos crescer, mas não igual ao resto do Brasil — destacou o presidente da Asserj, afirmando que a entidade apoia a intervenção federal na segurança tão somente.
Ele destaca que a redução da taxa de juros, sobretudo, já começa a surtir efeito positivo, influenciando na confiança do consumidor. E pondera que as empresas do setor precisam estar prontas para investir em novas tendências para movimentar vendas.
Fonte: Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo