O setor produtivo de arroz se reuniu por quase duas horas com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na tarde desta terça-feira, dia 26, em Brasília, para apresentar demandas e discutir soluções para os problemas que afetam os agricultores brasileiros. Segundo o economista-chefe da Federação de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, o ministério garantiu que faltam apenas detalhes para concluir a abertura de mercado do México para a exportação do cereal do Brasil. A medida ajudaria a equilibrar preços e gerar renda ao segmento.
“A ministra demonstrou interesse na solução dos problemas e está ciente da nossa situação. (O México) É um mercado importante, que importa 800 mil toneladas de arroz por ano, quase a mesma quantidade que o Brasil exporta hoje, em torno de 1 milhão de toneladas”, disse.
Segundo a assessoria do Ministério da Agricultura (Mapa), o acordo com o governo mexicano deve garantir a exportação de arroz beneficiado e, em troca, o Brasil importará feijão.
Outro pleito apresentado pelo setor é que o arroz enviado como ajuda humanitária para a Venezuela seja brasileiro, e não dos Estados Unidos. “A Venezuela é nosso principal comprador e os EUA, o principal concorrente. Ela (Tereza Cristina) gostou da ideia”, afirmou Antônio da Luz.
A questão do endividamento do setor arrozeiro só deve ter uma alternativa concreta de solução a partir de 12 de março, quando os ministérios da Economia e da Agricultura vão definir parâmetros e detalhes da medida de renegociação. Mas a base da proposta será apresentada na próxima sexta-feira, dia 1º de março, pelos técnicos da Economia.
Indústria
Representantes da indústria também participaram da reunião. Segundo Antônio da Luz, os varejistas se comprometeram a fazer uma campanha para aumentar o consumo de arroz no Brasil.
A Associação Brasileira de Supermercados, de acordo com o Mapa, teria dito que fará o possível para aumentar a venda de arroz em todas as suas lojas. Segundo dados apresentados pela entidade, o consumo do cereal caiu de 21 quilos por pessoa em 2017 para 16,4 quilos em abril de 2018, mas voltou a crescer e chegou a 19,5 quilos per capita no início de 2019.
A campanha deve contar com o aumento da exposição do produto nos supermercados. A preocupação da indústria e dos produtores é que o preço caia muito durante o período de comercialização da safra, inviabilizando toda a cadeia produtiva.
Condições desiguais com Mercosul
O setor também cobrou do Mapa a uma solução para as condições desiguais de produção entre o Brasil e demais países do Mercosul, as chamadas assimetrias. “Cobramos a liberdade para comprar insumos onde quiser; quem tranca isso é o Ministério da Agricultura”, diz Luz.
Com a presença da indústria e de diversos elos da cadeia produtiva, foi feita uma divisão de tarefas e determinado um prazo para levantar dados e apontar soluções nos diversos problemas que afetam o setor. Uma nova reunião para discutir resultados ficou marcada para 20 de março .
Participaram da reunião desta terça representantes da Farsul, da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Abiarroz, Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e parlamentares gaúchos, como Alceu Moreira, Luis Carlos Heinze, Afonso Hamm e Jerônimo Goergen.
Fonte: Canal Rural