Por Wagner Hilário, do Rio de Janeiro
Mediado pelo psicólogo organizacional e diretor-presidente da Gazzetta Talent, Odair Gazzetta, o painel brindou os convencionais com as histórias dos dois jovens que, em pouco tempo, construíram empresas de muito sucesso.
O primeiro a contar sua história foi Ferreira. Filho de um físico e uma filósofa formados na Universidade de São Paulo (USP), Ferreira disse que suas grandes paixões nortearam sua vida e a combinação delas culminou com o que chama de sua grande realização: a Luminae.
A empresa nasceu de uma ideia que Ferreira, um engenheiro elétrico de formação, classifica de simples. “Eu notei que, com um espelho refletor envolvendo parcialmente a lâmpada [na parte superior e lateral] era possível aumentar a iluminação, já que a luz não se dissiparia para todos os lados indiscriminadamente. Descobri isso por causa da minha experiência com a Física e foi por isso que a Luminae nasceu em 2008.”
Porém, o trabalho que teve não foi nada simples. Ferreira procurou o material refletor mais eficiente possível, fez pesquisa de campo em supermercados para analisar o nível de luminosidade dos sistemas que usavam, além de ter tomado outras medidas. Enquanto criava sua empresa, surgiu a tecnologia de LED, que ele passou a utilizar, sempre buscando os melhores fornecedores.
“Até a primeira venda, foi bem difícil. É complicado vender quando não se tem resultado para apresentar. Consegui fechar negócio com a rede Ricoy [de São Paulo], mas, antes de receber, meu sistema teve de mostrar resultado para o cliente. Depois de verificada a qualidade, contudo, as portas se abriram.”
Dez anos depois, crescendo, anualmente, até 100%, a empresa firmou parceria com um fundo de investimentos americano e hoje é um grupo que atua não apenas com luminárias, mas oferece serviço de financiamento, sistema de monitoramento remoto do consumo de energia e sistema de geração de energia solar fotovoltaica.
“Considero atributos como resiliência, otimismo, reconhecimento aos que nos ajudam, propósito social, ética, foco no cliente, muito trabalho e intuição combinada a uma análise acurada fundamentais para o sucesso de um empreendedor”, diz Ferreira, que tem apenas 34 anos de idade.
O poder da inciativa
A StartSe é uma empresa de promoção do empreendedorismo digital, o que envolve inúmeros serviços, como um portal de notícias, cursos e outros eventos presenciais e virtuais. Um dos seus criadores, sócio e líder da StartSe China, Ricardo Geromel participou do painel e contou um pouco da sua história que, como a de muitos outros meninos brasileiros, começou com o sonho de ser jogador de futebol.
“Embora eu fosse um nerd, gostava de jogar futebol e foi por jogar que consegui uma bolsa de estudos [em Administração de Empresas] numa universidade dos Estados Unidos.” Lá, Geromel, que é irmão do capitão do Grêmio, Pedro Geromel, descobriu que não tinha tanta bola quanto o irmão para ser um jogador de sucesso, mas sua qualidade acadêmica chamou a atenção.
“Trabalhei por muito tempo no mercado financeiro, como trader de commodities agrícolas. Vivi em Hong Kong. Depois de um tempo, decidi me mudar para a França e fazer uma pós-graduação lá. Então, surgiu uma oportunidade de ir para África e montar uma empresa que teria como principal finalidade descobrir talentos do futebol e levá-los ao futebol chinês.”
Geromel se mudou para Pequim, mas não por muito tempo. A empresa quebrou. “Mas, como millennials que sou, fazia outras coisas ao mesmo tempo. Escrevia para um blog com uma amiga de Harvard. Alguém da Forbes leu um dos meus textos e me chamou para trabalhar lá.” Sem ser formado em jornalismo, foi e se deu muito bem.
Mas o futebol continuava a fazer parte da vida de Geromel. Um amigo brasileiro, então, procurou-o com a intenção de comprar um time nos EUA. Assim, ele deixou a Forbes, ao menos em tempo integral (porque continuaria como freelancer da revista), para virar consultor de negócios.
No fim das contas, o amigo desistiu de comprar a equipe, mas, com outros amigos, ele mesmo adquiriu o Fort Lauderdale Strikers, time do sul da Flórida. Porém, o negócio também não vingou, assim como a outra equipe que ele fundaria na costa oeste norte-americana. A essa altura, Geromel já somava três negócios fundados e três negócios falidos.
“As pessoas costumam só contar as histórias de sucesso, mas os fracassos são essenciais para o sucesso. Não há grande empreendedor hoje que não tenha falhado. Eu, apesar da pouca idade, quebrei três empresas. Mas devemos entender que o erro tem valor e ensina demais. A gente tem de ousar, porque é da experiência do erro que nascem grandes negócios.”
Foi depois dessas experiências que surgiu, para Geromel, a oportunidade de ir para a China e de fazer parte da criação de um projeto vencedor: a StartSe. “Na Califórnia, disseram-me que a grande meca da inovação era a China. Fui para Xangai e encontrei a vanguarda da inovação.”
Assim, o trabalho de Geromel tem sido levar empresas para a China, com a finalidade de modernizá-las e introduzi-las no universo digital.
Redação Portal ABRAS