Os legados que Marcio do Valle deixa para a Coop

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Antes de se desligar da varejista, executivo promete viabilizar projeto altamente rentável

 

Após nove anos, o engenheiro Marcio do Valle irá encerrar seu período como presidente da Coop, no dia 30 de março. Em entrevista exclusiva, Marcio revelou que a Coop continuará a evoluir.

 

Para este ano é esperado uma consolidação no e-commerce. Segundo o presidente, a expectativa é faturar entre R$ 50 milhões a R$ 70 milhões, o que corresponderia a um faturamento de uma loja por ano.

Além disso, destaca o setor de drogarias, que passou de duas unidades, em março de 2013, para 79 drogarias, atualmente. O executivo ainda revela seus planos para o futuro. Confira.

 

– Quais as transformações ocorridas na Coop, ao longo destes nove anos?

 

Marcio do Valle – O que temos na Cooperativa e iremos continuar tendo é uma evolução. Uma sequência de melhorias e aperfeiçoamentos. Fizemos uma revitalização das lojas, modernizando a parte de equipamentos, ao mesmo tempo, começamos com um ciclo importante de revisão de desenho organizacional, implantação de metodologias modernas, tanto para melhorias de produtividade, mas também para otimização da atualidade dos nossos processos, para uma visão mais moderna de gestão.

 

   Começamos em 2014 e, a partir daí, fomos desenvolvendo um trabalho com consultorias de renome para implantar um modelo de gestão que fosse mais atualizado e principalmente que atendesse as nossas expectativas. Tivemos uma expansão que não havíamos tido antes. Fizemos a substituição do nosso sistema de gestão integrado e um trabalho de atualização da estrutura da arquitetura de marca.

 

   O negócio de drogaria cresceu muito neste período e nós decidimos, a partir de 2017, que iríamos consolidar o modelo de drogaria de rua e continuar crescendo. Passamos de duas unidades, em março de 2013, para 79 drogarias hoje. Foi um crescimento bastante forte. Estamos com drogarias em todo o Estado de São Paulo. Vamos inaugurar três drogarias junto às unidades dos supermercados conveniados, uma em Ribeirão Preto, uma em Limeira e outra em Sertãozinho.

 

   Também fizemos um trabalho de três anos de duração, de aperfeiçoamento da cultura corporativa, colocando para as pessoas, mais claramente, a necessidade de desafios, melhorias de performance, de resultados, a construção da confiança das equipes, com confiança, comprometimento e, principalmente, a questão do reconhecimento pela comunidade, uma preocupação, de estarmos muito próximos à comunidade, de maneira que a Coop, não só seja reconhecida, mas admirada pela comunidade em geral, por clientes, cooperados, todas as pessoas que estão externas às nossas empresas.

 

 – Como tem evoluído as preferências do consumidor, desde o período da pré-pandemia, até agora, rumo ao pós-pandemia?

 

Marcio – O consumir fez um movimento de repartição dos gastos dele por vários formatos. Então, antes você tinha uma compra mais concentrada no hiper ou num supermercado, numa superloja como era o nosso modelo. Hoje, os hipermercados estão praticamente desaparecendo, com o surgimento de alguns anos do atacarejo. Observamos uma diminuição dos grandes volumes dos produtos que constituem a cesta básica: arroz, feijão, café, leite, açúcar, óleo, e um reforço no crescimento proporcional nos perecíveis e daqueles produtos que envolvem algum tipo de atenção, manipulação nossa.

 

   Comparando a Coop de nove anos atrás, ou mesmo de antes da pandemia, para agora, tiramos a linha branca, colocamos no lugar daquele maior sortimento de perecíveis, principalmente no FLV (fruta, legumes e verduras). Trouxemos as lojas Swift para dentro das nossas lojas, fomos os pioneiros do ABC com essa operação.

 

   Colocamos cafeteria na unidade da Av.Industrial (Santo André), que por enquanto, ficou prejudicada com a pandemia, mas a ideia é expandir para outros, tanto a cafeteria, quanto o próprio restaurante. Então, a loja ficou muito mais uma loja de convivência para atender aquela necessidade mais frequente do co-operado, do consumidor, do que uma loja de abastecimento.

 

   Paramos com a nossa linha branca, mas ao mesmo tempo reforçamos a linha de celulares, de eletroportáteis, então é uma mudança que vai no sentido de dar para o consumidor melhores soluções, porque se ele quer preço, ele vai num tipo de formato; se ele quer variedade ou produtos manipulados, os perecíveis, ou um sortimento maior, ele busca outros. Um atacarejo trabalha com 7 mil itens, nós temos 20 mil. Hoje, são vários momentos de compra e vários tipos de consumidor. O mesmo consumidor pode ter o momento de comprar no atacarejo, de comprar na Coop e de comprar no hortifruti.

 

   No caso da drogaria, mudou. Fomos incorporando uma linha muito maior de dermocosméticos, uma linha muito maior de perfumaria, linha para bebês.  Não tenho dúvidas que a pandemia provocou uma maior atenção do consumidor na sua saúde. Então, acho que ele passa a ter essa expectativa de consumo maior, mas um pouco frustrada porque estamos num momento de deterioração de renda, por falta de emprego.

 

– A Coop irá se consolidar no e-commerce? Como está avançando esse projeto?

 

Marcio – Entramos no ambiente virtual digital, o e-commerce, um pouco parcialmente, em 2016, com o Coop Retira. Mas, é uma operação que sempre gerou uma expectativa de melhora. Ela está longe de ser o que gostaríamos. Na pandemia, criamos, em dois meses, com uma operação de delivery, o Coop Entrega, tanto para supermercado, quanto para drogaria, mas trabalhando com plataformas e sistemas diferentes, ou seja, foi uma situação emergencial para suprir as pessoas que não estavam saindo de casa.

 

   Agora, de novo, estamos com um projeto já em andamento de unificação dessas plataformas, de revisão do site. Já entramos, no final de janeiro, com o iFood, em várias lojas, tanto drogarias, quanto supermercados e vamos relançar os nossos sistemas de e-commerce de uma maneira completa. Também vamos entrar com mais um ou dois aplicativos, nos próximos meses, mas vamos ter o nosso sistema de e-commerce que será completo. Compra pelo site, paga e depois recebe em casa o produto.

 

   Neste projeto digital, temos uma ambição muito grande para esse ano, esperamos faturar entre R$ 50 milhões a R$ 70 milhões, que já corresponderia a um faturamento de uma loja por ano. O Brasil antecipou a sua evolução digital em 5, 10 anos por conta da pandemia. As pessoas tiveram que ir para o digital e perceberam que o e-commerce não é tão ruim, pelo contrário, é muito bom em algumas situações.

 

– Quais são os projetos que o sr. irá assumir quando deixar a Coop?

 

Marcio – Saio da Coop. Não vou para o Conselho, que é eleito para um mandato de quatro anos, e que foi eleito o ano passado. Em 2021, ainda não era o momento de fazer esse movimento. Como disse, o movimento vem sendo planejado desde 2017, quando o Pedro, que irá me substituir, veio para a Executiva. Ele era conselheiro. Mas, por conta da pandemia, fomos revendo esses passos. Saio da Cooperativa de Consumo, mas permaneço, e sou o presidente do Conselho da Cooperativa de Crédito, que começou com a Coop, mas hoje atende uma rede de supermercados do Rio de Janeiro e, em breve, vai atender também uma Cooperativa de Crédito do Espírito Santo. É um projeto também extremamente envolvente, emocionante, complexo do qual irei me dedicar. Tenho também mais dois Conselhos dos quais participo.

 

Fonte: Folha do ABC


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