Assaí pode ser nº 1 do Casino em 2025

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Agilizando a entrega de lojas convertidas, grupo abre 4 lojas esta semana como o antigo Extra Anhanguera

 

A rede de atacarejo Assaí dá o pontapé inicial nas conversões de lojas do Extra num movimento que vai ser decisivo numa possível transformação do negócio na maior operação do grupo Casino no mundo, desbancando a França. Ontem, o Assaí apresentou ao mercado o seu modelo de unidade transformada da marca Extra.

 

O atual processo de migração de 70 lojas do Extra em Assaí terá peso dentro da expectativa da rede de atacarejo atingir vendas líquidas entre R$ 93 bilhões e R$ 95 bilhões em 2024, segundo projeções de bancos. A empresa já informou que estima valores brutos de R$ 100 bilhões. Se alcançar esse patamar, vai superar o braço do Casino na França, considerando o ritmo de crescimento anual do grupo naquele país (antes da queda atual nas vendas) e projeções futuras de câmbio médio entre 2022 e 2025.

 

Há, naturalmente, efeito direto do fraco desempenho de varejistas de alimentos no mercado francês há tempos, incluindo o Casino. A receita do grupo que controla o Assaí cai por lá há três anos (antes subia 1%) – o que leva a projeções mais conservadoras no curto prazo. Este veículo apurou que, nos cálculos menos otimistas do mercado, por eventual efeito cambial, o Assaí passaria o Casino França em 2025. Para a rede de atacarejo, analistas de bancos estrangeiros estimam altas de 15% a 40% na receita líquida ao ano.

 

“Se a gente olhar Ebitda [lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação], a estimativa é Assaí passar França em 2025”, disse uma fonte. Na primeira metade de 2022, a América Latina superou a França em vendas dentro do grupo em euros (um ano antes, o país ainda liderava), com efeito cambial. A rede de atacarejo não comenta estimativas de mercado sobre os negócios do grupo.

 

Dentro do plano de acelerar vendaso Assaí inaugura nesta semana quatro unidades convertidas da rede Extra, sendo que nesta quarta-feira abre a segunda localizada na capital paulista, na zona oeste de São Paulo (antigo Extra Anhanguera). Até o começo da semana que vem terão sido reinauguradas oito unidades do Extra. Foram 70 pontos que o Assaí comprou do GPA por cerca de R$ 4 bilhões e que estão sendo reabertos gradualmente.

 

A meta da companhia é abrir 40 unidades do Assaí oriundas do Extra em 2022 e 30 no primeiro trimestre de 2023. A rede deve terminar o ano com 265 lojas. Serão investimentos de R$ 35 milhões a R$ 50 milhões por ponto – na Anhanguera foram em torno de R$ 50 milhões, para uma expectativa que fature cerca de R$ 500 milhões por ano. Está acima da venda de lojas comparáveis a esta, em torno de R$ 400 milhões (a média da empresa foi de um faturamento por loja de R$ 220 milhões em 2021).

 

Fornecedores e analistas de bancos visitaram na terça-feira a nova unidade da Anhanguera, e as questões centrais do mercado passam pela capacidade de a empresa entregar as vendas estimadas nas lojas convertidas. “Entendemos a dúvida [sobre vendas], mas acredito que essa questão diminuiu depois que começamos a abrir as lojas e a mostrar o modelo. As unidades [migradas] do Extra, nos últimos anos, triplicaram as vendas após a abertura [em relação ao modelo de hipermercado]”, disse Belmiro Gomes, presidente do Assaí.

 

A ideia é que as unidades convertidas tripliquem vendas dois anos após a troca de bandeira e cheguem a um equilíbrio entre despesas e vendas até fim de 2023.

 

Outro ponto que vem sendo destaque dos relatórios de analistas trata do impacto das despesas com as inaugurações. A margem Ebitda do Assaí tem girado em torno de 7,5%, e a empresa já sinalizou que esse índice deve cair 0,5 ponto em 2022. Na nova unidade Anhanguera, com 10,5 mil itens (acima da média de 8,5 mil), há serviços como açougue, padaria e área de queijos. Consultores entendem que a maior oferta de serviços encarece a loja. “Não vamos adicionar serviço se não fizer sentido, cada unidade convertida é pensada, não há um modelo único. E muito do que replicamos já é parte de nosso custo fixo dentro de uma estrutura de diluição”, diz o CEO.

 

Gomes lembra que essas lojas convertidas tendem a ter margem 1,5 ponto acima da média.

O Assaí vai reportar despesas pré-operacionais de lojas novas separadas das despesas normais no terceiro trimestre para dar uma visibilidade melhor ao mercado.

 

Dados da Nielsen mostram o atacarejo com participação de 46,4% nas vendas do varejo alimentar em junho. É mais de três pontos acima de dezembro (43,1%). Em seis meses, o canal ganhou mais participação do que em todo o ano de 2021 (de 40% para 43%). Perderam mercado supermercados e hipermercados.

 

Fonte: Adriana Mattos, Valor


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